É o que aponta um levantamento conduzido pelo Ibope, que ouviu cerca de 2 mil brasileiros durante a pandemia
Mais de 80% das brasileiras dizem sentir alguma dor com frequência. Entre os homens, o índice é de 18%. Fatores sociais, culturais, anatômicos e biológicos podem justificar a diferença entre gêneros, que já é observada há algum tempo pela comunidade científica. “No período pré-menstrual, por exemplo, a sensibilidade aumenta. Diante disso, os serviços de saúde deveriam oferecer estratégias específicas para elas”, avalia o neurologista Mauricio de Souza.
Com a pandemia de Covid-19, contudo, ambos os sexos têm se queixado mais de dores relacionadas às mudanças na rotina e ao trabalho em casa. Como consequência, cerca de 25% dos respondentes afirmaram usar analgésicos ao menos uma vez por semana.
As regiões campeãs de queixas
Entre os locais que mais incomodam os entrevistados, 31% relataram ter dores de cabeça com frequência, enquanto 22% sentem ombro e pescoço. Para 38% deles, as costas ficam doloridas regularmente.
Uma nova definição do que é a dor
Falando em dores, a Associação Internacional para o Estudo da Dor atualizou recentemente o conceito dessa sensação. Ela é entendida agora como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada (ou semelhante àquela associada) a um dano real ou potencial ao tecido”. O que mudou? A palavra “semelhante”.
Há pessoas que, mesmo sem ter sofrido uma lesão, relatam o incômodo. São as chamadas dores nociplásticas — há dor, mas não há evidência da causa, o que dificulta diagnóstico e tratamento. “A dor é uma experiência pessoal influenciada por fatores biológicos, psicológicos e sociais”, crava a entidade.