Rússia acusa Ucrânia pela morte de filha de ideólogo de Putin

A principal agência de inteligência da Rússia acusou nesta segunda, 22, a Ucrânia de planejar e executar a morte de Daria Dugina, filha de Alexander Dugin, ideólogo do presidente Vladimir Putin, no sábado, 20. Segundo a FSB, sucessora da KGB, o assassinato teria sido arquitetado pelos serviços especiais ucranianos – Kiev nega. Ao mesmo tempo, o representante russo na ONU alertou que não há possibilidade de acordo de paz por parte de Moscou.

Logo após a acusação da FSB, Dugin emitiu nota pedindo a vitória militar como vingança, em uma fala que pode levar a uma escalada da guerra. “Nossos corações anseiam por mais do que apenas vingança ou retribuição. Precisamos da nossa vitória. Minha filha sacrificou sua vida. Então, vençam, por favor!”, disse Dugin. Putin também se manifestou por meio de carta, dizendo que a morte foi resultado de “um crime vil e cruel”.

Suspeita

A inteligência russa apontou como principal suspeita de realizar o atentado a cidadã ucraniana Natalia Vovk. Segundo a FSB, a mulher teria entrado no país em 23 de julho, acompanhada da filha de 12 anos, e teria alugado um apartamento no edifício em que Daria vivia, com a intenção de vigiá-la.

Natalia teria participado de um festival nacionalista em que Alexander Dugin e a filha discursaram, antes do atentado. Ela fugiu para a Estônia em um Mini Cooper após a explosão e trocou as placas do veículo ao longo da viagem.

Daria dirigia um Toyota Land Cruiser perto da cidade de Bolshie Viaziomy, a cerca de 40 km de Moscou, após participar do evento com o pai, quando uma bomba foi detonada no veículo. A jornalista morreu no local. Pessoas próximas à família afirmaram à imprensa russa que o alvo do atentado seria o próprio Dugin, pois a jovem teria pegado emprestado o carro do pai na última hora. Dugin – segundo a mídia russa, ele estava em outro carro atrás dela.

Dugin retratou ontem os russos como vítimas, não como agressores e invasores perpetrando uma guerra, e chamou o atentado que matou sua filha de “um ataque terrorista realizado pelo regime nazista ucraniano”.

‘Inspiração’

A declaração de Dugin foi divulgada ontem na forma de uma carta compartilhada por Konstantin Malofeev, proprietário do canal de TV nacionalista e cristão ortodoxo Tsargrad, onde Dugin é editor-chefe. Na carta, ele disse que a morte da filha deveria “inspirar” os soldados russos a continuarem o ataque na Ucrânia.

Logo após o anúncio da FSB, o Kremlin publicou uma carta de solidariedade de Putin aos pais de Daria: “Jornalista, cientista filósofa, correspondente de guerra, ela serviu honestamente ao povo, à pátria e, através de suas ações, ela provou o que significa ser patriota na Rússia”.

O governo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, negou envolvimento com o ataque contra Daria, editora-chefe de um site de desinformação russo que estava sob sanções dos EUA. “Posso garantir que não tivemos nada a ver com isso”, disse o assessor presidencial, Mikhailo Podoliak.

Resposta

Apesar da negativa, a Ucrânia está se preparando para uma intensificação dos ataques russos após o assassinato de Daria, com o aviso militar de que as tropas russas colocaram cinco navios de guerra e submarinos com mísseis de cruzeiro no Mar Negro, e Moscou estava posicionando sistemas de defesa aérea em Belarus.

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