Precisamos romper algumas barreiras, a principal delas é compreender o real significado da palavra feminismo, o que NÃO é o contrário de machismo, mas a luta por direitos e oportunidades iguais. A segunda é parar de uma vez por todas de taxá-lo como uma agenda de uma determinada ideologia política. Não é à toa que estamos aqui jogando luz ao tema. Então, se você acredita (e defende) que todas devemos ter igualdade de oportunidades, como determina a nossa Constituição Federal, você também é feminista.
O retrato brasileiro revela que não chegamos nem aos 20%, que dirá a um quarto, embora representemos 52,49% do eleitorado, segundo o mais recente levantamento do Tribunal Superior Eleitoral ( TSE ). Ao comparar os dados da época com a realidade atual, percebe-se que, nas eleições de 1994, as mulheres conquistaram cerca de 7% das cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado. Hoje, têm 15% dos assentos. Estamos atrás até de países como Afeganistão e Arábia Saudita.
Levando-se em conta a média global, elas ocupam 23,5% das cadeiras nos Parlamentos, segundo dados da ONU. Nos municípios, o percentual é ainda mais baixo. Somente 5,5% eram comandados por mulheres em 1997. Hoje, são apenas 11,9%. Nas Câmaras Municipais, o número de vereadoras passou de 11,1% para 13,5%. Tal sub-representação
feminina também é visível em cargos de liderança no serviço público.
E quais são as expectativas para as eleições de 2022? Os partidos passam a ser obrigados a apresentar autorização por escrito de todas as candidatas. É uma forma de garantir que elas tenham de fato interesse em concorrer e não sejam indicadas pela sigla apenas para cumprir a cota feminina – de 30%. Além disso, os recursos públicos destinados a candidaturas femininas também terão de ser proporcionais ao número de mulheres na disputa – com o mínimo de 30% do montante. Se o partido contar com mais candidatas, elas deverão ter mais dinheiro à disposição. Se isso vai garantir a eleição de mais mulheres, precisaremos aguardar os resultados. Não podemos esquecer o contexto de Pandemia que afetou e tem afetado duramente as mulheres.
As conquistas do passado nos fortalecem, mas precisamos avançar, ocupar mais espaços e rapidamente e, de uma vez por todas, pôr fim à sub-representação das mulheres nos espaços de poder.