O dado foi divulgado em uma pesquisa realizada pelo Instituto Sou da Paz, que revelou que o armamento é o principal instrumento empregado nos assassinatos de mulheres no Brasil. Ao longo das duas últimas décadas, entre 2000 e 2019, a violência armada esteve presente em 51% dessas mortes.
“Precisamos discutir qual o papel das armas na violência doméstica. Os dados surpreendem porque derrubam o mito de que as armas branca são as principais responsáveis pela morte de mulheres”, afirma Carolina Ricardo, diretora executiva do Instituto.
O levantamento mostra ainda que, entre 2012 e 2019, o pior ano foi o de 2017, com 54% de mortes de mulheres por armas de fogo. O dado refletiu um aumento geral de criminalidade e de aumento da tensão entre facções, com maior número de mortes por balas perdidas. Já em 2019, a proporção de assassinatos femininos com o instrumento foi de 49%, seguindo a redução da criminalidade.
A pesquisa mostra ainda que a arma de fogo prevalece no Nordeste com 61% dos casos, seguida pelas regiões Norte e Sul com 48%. O Sudeste e o Centro-Oeste têm proporções menores, com 38% e 37%, respectivamente.
Os tipos de violência armada têm diferenças em cada região do país, como demonstra o estudo. Segundo a diretora executiva do Sou da Paz, nos últimos anos houve uma migração da violência e do crime organizado para o Nordeste, bem como o nascimento de outras faccções criminosas. Tanto no Sul quando no Norte, há um percentual significativo de conflitos agrários. Especificamente no Sul, existe uma elevada disponibilidade de armas de fogo.