
Quarenta anos após a instalação da Assembleia Nacional Constituinte, o Brasil segue refletindo sobre os desafios de consolidar sua democracia. A Constituição de 1988 foi fruto de diálogo, acordos e da disposição de diferentes forças políticas que, apesar de suas divergências, entenderam que o país precisava de estabilidade, segurança jurídica e respeito às instituições.
A transição democrática não foi simples. Foi feita com negociações, concessões e muita responsabilidade institucional. A chamada Constituição Cidadã não representou apenas um novo texto legal, mas um compromisso coletivo com o fortalecimento das instituições, dos direitos e das garantias fundamentais.
Hoje, passadas quatro décadas, o debate público se vê tensionado. As redes sociais transformaram a forma de fazer política, acirraram os discursos e, muitas vezes, afastaram o diálogo que é fundamental em qualquer ambiente democrático. O que antes se resolvia nas mesas de negociação, hoje muitas vezes se perde em disputas de narrativas e cancelamentos.
Mas é preciso reconhecer: a democracia não é um regime de consenso, é o regime da convivência com as diferenças. E, mais do que nunca, o país precisa resgatar a capacidade de ouvir, de negociar e de buscar caminhos comuns — sem abrir mão das instituições, da estabilidade e da segurança jurídica.
A história da Constituinte nos deixa um recado: democracia se faz com equilíbrio, responsabilidade, compromisso com o país e com respeito às regras do jogo. E se há algo que une todos os brasileiros — de diferentes visões e pensamentos — é o desejo por um país que funcione, que gere oportunidades e que ofereça segurança para seu povo.
O que se construiu em 1988 segue como um patrimônio de todos. E cabe a cada geração protegê-lo, aprimorá-lo e mantê-lo vivo.