Trump minimiza alerta sobre espaço aéreo da Venezuela, enquanto Caracas acusa EUA de tentar tomar petróleo pela força

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentou reduzir nesta segunda-feira (1º) a interpretação de que seu alerta sobre o espaço aéreo da Venezuela indicaria um ataque aéreo iminente. Em conversa com jornalistas no retorno a Washington, a bordo do Air Force One, Trump afirmou: “Não tirem conclusões disso”, ao ser questionado se sua mensagem sugeria uma ofensiva militar.

No sábado (29), o presidente havia publicado na rede Truth Social que o espaço aéreo venezuelano deveria ser considerado “totalmente fechado”, recomendando que companhias aéreas, pilotos e até criminosos “considerassem o FECHAMENTO TOTAL DO ESPAÇO AÉREO SOBRE E AO REDOR DA VENEZUELA”.

Segundo Trump, a advertência não indicava ação militar, mas refletia a visão do governo americano sobre a Venezuela, que ele classificou como um país “nada amigável”. Ele reforçou críticas sobre imigração, afirmando que milhões de venezuelanos chegaram aos EUA em condições que, segundo ele, “colocam o país em risco”.

Conversa telefônica com Maduro aumenta especulação

Trump confirmou que conversou por telefone com o presidente venezuelano Nicolás Maduro, mas evitou divulgar qualquer detalhe: “A resposta é sim. Não diria que foi bem ou mal. Foi uma ligação telefônica”, disse. O New York Times e o Wall Street Journal já haviam noticiado a interlocução entre os dois líderes no início deste mês.

Nem Maduro nem integrantes do alto escalão do governo venezuelano comentaram oficialmente o conteúdo da conversa.

Venezuela denuncia tentativa de tomada de petróleo à OPEP

Enquanto os EUA elevam o tom retórico, o governo venezuelano enviou uma carta à OPEP e à OPEP+ acusando Washington de tentar se apoderar das reservas de petróleo do país “pela força militar”. O documento, divulgado pela vice-presidente Delcy Rodríguez, afirma que a postura americana representa um risco ao equilíbrio do mercado energético global.

No texto, Maduro denuncia uma “campanha de assédio e ameaça” conduzida por Trump desde agosto, alertando para o “perigo à paz e à estabilidade regional e internacional”. Ele cita ainda exemplos de intervenções militares dos Estados Unidos em outros países produtores de petróleo, que, segundo Caracas, resultaram em desestabilização profunda.

Tensão crescente na região

As declarações acontecem em meio ao aumento da presença militar americana no Caribe e ao agravamento das tensões entre Washington e Caracas. Embora Trump tenha minimizado a possibilidade de um ataque, a combinação de movimentação militar, retórica agressiva e acusações formais à OPEP sinaliza um momento de forte instabilidade diplomática.

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