Segundo a Organização das Nações Unidas, 4,5 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento básico, e cerca de 1 bilhão de pessoas fazem suas necessidades ao ar livre. Dados oficiais mostram que quase metade da população do Brasil não possui acesso a rede de coleta e tratamento de esgoto, um déficit bem maior do que o acesso a água.
De acordo com o Censo Escolar do INEP, 5.826 escolas não possuem banheiros. Dos brasileiros inscritos no Cadastro Único no ano de 2021, cinco milhões de pessoas não tem banheiros em seus domicílios, e outras vinte e cinco milhões não possuem acesso a esgotamento sanitário adequado. Dados apontam que em 2022, existem no Brasil 2,5 milhões de brasileiras sem banheiro e que impactos na renda mensal das mulheres brasileiras que vivem sem banheiro é 66,7% inferior as que possuem banheiro. Não possuir banheiro em casa coloca as mulheres distantes do trabalho e da escola por doenças diarreicas. Mulheres que residem em uma moradia sem banheiro tiveram uma nota 53,1 pontos inferior no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em comparação com a média do exame, em 2019.
A falta de banheiros adequados significa que os excrementos humanos, em larga escala, não são coletados ou tratados, causando contaminação do solo e da água. Por causa desse quadro, a ONU definiu a data do dia 19 de novembro, como o Dia Mundial do Banheiro, para conscientizar pessoas e governos sobre a “crise global de saneamento” e propor ações para resolver o problema.
Neste Dia Mundial do Banheiro, tratamos sobre uma das formas mais difundidas de discriminação de gênero experimentadas diariamente por meninas e mulheres que é o acesso inadequado a banheiros.
Possuir um banheiro para fazer uso privativo em casa deveria ser algo simples e comum, no entanto, essa não é a realidade para todas as mulheres e meninas, é muitas vezes somente um sonho, mesmo sendo uma necessidade básica.
Muitos são os relatos de mulheres que por não terem acesso ao banheiro em suas residências precisam se deslocar para áreas externas da casa, ou fazem suas necessidades em potes de margarina, nenhuma mulher e menina deveria passar por essas situações, com isso, muitas delas perdem oportunidades e tem a saúde posta em risco
As mulheres têm necessidades de saneamento únicas em comparação aos homens, eis que cerca de 1/4 de todas as adultas do planeta estão menstruadas nesse ou a qualquer momento.
As meninas não vão à escola quando menstruam, as mulheres em geral não têm uma boa auto estima, eis que possuem vergonha de suas casas, não crendo que podem dar outros passos na vida, não conseguem estudar, ter bom emprego, por fim, acreditam que o banheiro é um símbolo de status, que é um privilégio, e que não são merecedoras, uma realidade muito triste.
Identificar locais seguros e privados para realizar a higiene torna-se um desafio, principalmente em locais com poucos recursos, como favelas, campos muito afastado e áreas rurais por exemplo, o que acarreta em stress, desconforto físico, muitas vezes em violência física e moral, baseada em gênero.
A falta de acesso ao banheiro é preocupante quando observamos o que acontece na vida das mulheres brasileiras, eis que a saúde das mulheres e meninas é comprometida quando elas residem em ambientes sem banheiros e isso põe em risco todo futuro dessa parcela da população no tocante a várias áreas da vida, seja econômica, saúde, profissional entre outras.