Um grupo de oito senadores brasileiros está em Washington (EUA) nesta semana em uma missão diplomática que busca abrir canais de diálogo com o Congresso norte-americano e tentar reverter o tarifaço de 50% imposto às importações brasileiras. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump em 9 de julho, está prevista para entrar em vigor na próxima sexta-feira, 1º de agosto.
Liderada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), a comitiva já se reuniu com representantes da Embaixada do Brasil, empresários e membros da U.S. Chamber of Commerce — entidade que representa diversos setores da economia americana. Para esta terça-feira (29), estão previstas reuniões com pelo menos seis congressistas dos partidos Republicano e Democrata. Os nomes dos parlamentares norte-americanos ainda não foram divulgados.
“O objetivo é distensionar a relação com os Estados Unidos no âmbito parlamentar. A partir do momento que isso for conquistado, a missão já terá cumprido seu primeiro papel, criando um ambiente mais propício para que o governo federal, que tem a prerrogativa de negociar, possa atuar”, explicou Trad.
Agenda com o setor privado e entidades interamericanas
Além das reuniões institucionais, os senadores também dialogaram com executivos de grandes multinacionais com presença no Brasil, como Cargill, ExxonMobil, Johnson & Johnson e Caterpillar. A agenda da missão segue até quarta-feira (30), quando os parlamentares devem se encontrar com representantes da Americas Society/Council of the Americas, entidade que atua no fortalecimento das relações entre os países do continente.
Fazem parte da missão os senadores Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado; Tereza Cristina (PP-MS); Astronauta Marcos Pontes (PL-SP); Rogério Carvalho (PT-SE); Carlos Viana (Podemos-MG); Fernando Farias (MDB-AL); e Esperidião Amin (PP-SC).
Governo brasileiro também negocia com cautela
Paralelamente à missão parlamentar, o governo federal está conduzindo suas próprias tratativas por meio de canais institucionais. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que o diálogo com os Estados Unidos ocorre “com reserva” e que um plano de contingência está em fase final de elaboração.
Entre as medidas previstas pelo plano, que deve ser apresentado ao presidente Lula ainda esta semana, estão linhas de crédito voltadas aos setores exportadores mais afetados.
Entenda o caso
As tarifas anunciadas por Trump alegam uma suposta relação “injusta” nas trocas comerciais entre os países, embora o Brasil registre déficit comercial com os Estados Unidos há 17 anos consecutivos. A justificativa também menciona restrições brasileiras a plataformas digitais americanas e o processo em curso contra o ex-presidente Jair Bolsonaro como fatores que motivaram a medida.
Além disso, autoridades dos EUA abriram uma investigação sobre o Pix, sistema de pagamento instantâneo desenvolvido pelo Banco Central do Brasil. O argumento é de que o Pix estaria prejudicando a competitividade de empresas como Visa, MasterCard e o WhatsApp Pay, pertencente à gigante Meta.
Enquanto o prazo para início da tarifação se aproxima, o Brasil tenta mobilizar sua diplomacia institucional e parlamentar para minimizar os impactos sobre a economia nacional e preservar a histórica relação bilateral com os Estados Unidos.