‘Pode não ser um prazer, mas é um dever’, diz Esperidião Amin sobre possível diálogo de Lula com Trump

O senador Esperidião Amin (PP-SC), integrante da comitiva de parlamentares brasileiros que está em Washington para tentar barrar a imposição de tarifas de 50% sobre produtos do Brasil, defendeu nesta segunda-feira (28) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promova uma aproximação direta com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Amin reconheceu que o gesto pode ser politicamente desconfortável, mas necessário diante do impacto econômico que a medida traria ao Brasil. “Pode não ser um prazer, mas é um dever. É um dever do presidente da República buscar um contato com o presidente Trump, como homenagem aos trabalhadores e aos empresários que conquistaram a confiança dos compradores americanos”, afirmou o senador catarinense.

Crise motivada por ideologia e polarização

O parlamentar avaliou que a atual crise entre os dois países tem raízes em um “novelo de ideologia política e radicalismo”, reforçado pelo ambiente de polarização que marca a política brasileira nos últimos anos. Segundo Amin, é justamente por esse histórico de tensões que Lula precisa liderar o processo de reconciliação e negociação com os Estados Unidos.

Durante a agenda oficial em Washington, a missão do Senado se reuniu com representantes da U.S. Chamber of Commerce (Câmara de Comércio dos Estados Unidos), buscando apoio do setor empresarial americano para adiar ou reverter o tarifaço anunciado por Trump. Amin destacou que a recepção foi positiva e que os interlocutores demonstraram abertura para considerar a solicitação.

O senador também lembrou que o Brasil ocupa a terceira posição no superávit comercial com os Estados Unidos, o que reforça a relevância da economia brasileira para o mercado norte-americano.

Lula e Alckmin buscam saídas diplomáticas e institucionais

Enquanto o grupo de parlamentares atua em articulações diplomáticas e parlamentares, o governo federal também segue mobilizado. Em declaração nesta segunda-feira (28), o presidente Lula disse esperar bom senso por parte dos Estados Unidos e reafirmou sua disposição ao diálogo: “Eu espero que o presidente dos Estados Unidos reflita sobre a importância do Brasil. Tem divergência? Tem. Senta numa mesa, coloca a divergência do lado e vamos tentar resolver”.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também responde pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, informou que o governo está atuando com cautela e preparando um plano de contingência. “Estamos dialogando pelos canais institucionais e com reserva. A hora que tivermos algo a anunciar, vocês serão os primeiros a saber”, declarou.

Tarifas entram em vigor nesta sexta-feira

O pacote de tarifas anunciado por Donald Trump deve entrar em vigor na próxima sexta-feira, 1º de agosto. A justificativa apresentada pelo republicano inclui supostas relações comerciais “injustas” com o Brasil, barreiras regulatórias a plataformas digitais americanas e o contexto político envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Caso não haja avanço nas negociações até lá, os setores exportadores brasileiros deverão enfrentar perdas significativas. O governo, o Congresso e o setor privado agora se mobilizam para evitar um novo abalo nas relações econômicas e diplomáticas entre os dois países.

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