O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, classificou como “ato covarde” o cancelamento dos vistos de sua esposa e filha pelos Estados Unidos, anunciado nesta semana. Segundo ele, seu próprio visto está vencido desde 2024 e, portanto, não poderia ter sido revogado.
Padilha relatou que tomou conhecimento da sanção por meio de mensagem enviada pela esposa, enquanto cumpre agenda oficial em Pernambuco nesta sexta-feira (15). O ministro questionou a decisão de aplicar sanções à filha, de 10 anos, e criticou o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que reside nos Estados Unidos e teria articulado pressões junto ao governo norte-americano.
“Estou absolutamente indignado. É uma atitude de covardia. As pessoas que fazem isso e o clã Bolsonaro, que orquestra isso, têm que explicar […] qual o risco de uma criança de 10 anos de idade pode ter para o governo americano?”, declarou Padilha em entrevista à Globonews.
Na mesma semana, o Departamento de Estado dos EUA revogou os vistos de outros servidores brasileiros ligados ao programa Mais Médicos, incluindo Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais da pasta e atual coordenador-geral da COP30. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, justificou que os servidores teriam contribuído para um “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano” por meio do programa.
O Mais Médicos foi criado em 2013, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, com o objetivo de atender regiões remotas do país. Médicos cubanos participaram do programa até 2018, em cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Padilha ressaltou que sua filha nem havia nascido quando o programa foi implementado e destacou que atualmente não há parcerias do Brasil com médicos cubanos.
O ministro também questionou a falta de sanções a outros países que mantêm parcerias com médicos cubanos, citando, por exemplo, a Itália, cujo governo é aliado do ex-presidente Donald Trump.
“Qual é a explicação para não ter qualquer tipo de sanção a esses outros países? Por que vir fazer uma sanção aqui no Brasil contra servidores brasileiros, contra minha família, contra uma criança de 10 anos, sendo que não temos mais parceria com médicos cubanos?”, declarou.