Brasília (DF) – Em meio ao aumento das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (1º), que o governo brasileiro mantém sua disposição para o diálogo, mesmo diante das recentes sanções e tarifas impostas por Washington. A declaração ocorre após o presidente norte-americano, Donald Trump, sinalizar publicamente que está aberto a conversar com o líder brasileiro.
A resposta de Lula veio por meio das redes sociais, reforçando que o Brasil seguirá atuando com soberania e que o foco do governo é proteger a economia nacional e os trabalhadores brasileiros diante das medidas unilaterais adotadas pelos EUA. “Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições”, pontuou o presidente.
O gesto foi bem recebido pela equipe econômica. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como “positiva” a declaração de Trump e destacou que o Brasil nunca se afastou da mesa de negociações. Segundo ele, o caminho da diplomacia continua sendo o mais eficaz para reduzir impactos negativos e evitar o agravamento da crise.
Nos bastidores, o Ministério da Fazenda já articula um encontro com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Embora a data ainda não esteja definida, a reunião é considerada estratégica para destravar os canais de comunicação entre os dois países. Além da questão tarifária — que inclui a taxação de 50% sobre diversos produtos brasileiros — o governo brasileiro também pretende discutir os efeitos da aplicação da chamada Lei Magnitsky, usada pelos EUA para sancionar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Haddad destacou a importância de esclarecer aos americanos o funcionamento das instituições brasileiras. “Existe muita desinformação circulando, especialmente sobre o Judiciário. Essa reunião pode ser uma oportunidade para apresentar a realidade com mais clareza”, afirmou o ministro.
Trump, por sua vez, limitou-se a dizer que “ama o povo brasileiro”, mas criticou a atual condução política do país, sem detalhar quais medidas estariam sendo consideradas. Apesar das divergências, o aceno de ambos os lados revela uma possível abertura para reaproximação diplomática — o que, para especialistas, pode ser determinante para evitar o endurecimento das relações entre as duas maiores economias do continente.