O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), reuniu nesta quarta-feira (21) correligionários do partido para discutir estratégias em meio ao que chamou de momento “difícil” no Legislativo. Somente neste mês, Motta enfrentou um motim que paralisou as votações no plenário por mais de 30 horas e viu seu indicado à relatoria da CPMI do INSS, deputado Ricardo Ayres, ser derrotado de forma constrangedora.
A reunião ocorreu após a reviravolta na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que resultou na escolha do deputado Alfredo Gaspar (União-AL) como relator, sacramentando a derrota da articulação feita por Motta. Segundo interlocutores, o clima entre os aliados foi de solidariedade e preocupação com o desgaste político do presidente da Câmara.
Divisão no Republicanos sobre estratégia
Durante o encontro, a bancada reafirmou apoio a Motta, mas reconheceu que a Casa atravessa um período de instabilidade. O partido se divide sobre os rumos a seguir:
- Ala pró-governo: defende que Motta se aproxime do Palácio do Planalto e imponha derrotas à oposição como resposta ao motim.
- Ala moderada: sugere que o presidente aposte em pautas consensuais, para dar sensação de normalidade e recuperar a governabilidade.
- Ala pró-oposição: recomenda que ele faça gestos aos opositores para evitar novas crises.
Crises recentes: motim e CPMI
O motim ocorreu em 4 de agosto, quando deputados bolsonaristas ocuparam o plenário em protesto contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes (STF) de determinar prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante a manifestação, os parlamentares se revezaram na cadeira da presidência e ameaçaram resistir até ordem para desobstrução do local.
Motta só conseguiu retomar a cadeira após intervenção do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que articulou acordo com o Centrão e a oposição.
Pouco depois, veio a segunda derrota: na CPMI do INSS, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) foi eleito presidente e indicou Alfredo Gaspar como relator, contrariando a expectativa de Motta, que apoiava Ricardo Ayres.
Agora, o Republicanos busca uma agenda que permita ao presidente da Câmara retomar o protagonismo e amenizar a crise política.