Mesmo com sessões previstas para esta terça-feira (22/7), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu suspender qualquer atividade de comissões entre os dias 22 de julho e 1º de agosto. A medida, respaldada pelo regimento interno da Casa, esvazia a ofensiva articulada por parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que buscavam manter ativa a agenda política durante o recesso parlamentar.
A decisão surpreendeu a ala bolsonarista, que já havia retornado a Brasília com o objetivo de pressionar pela retomada dos trabalhos legislativos ainda neste mês. Entre as comissões afetadas estão a de Relações Exteriores e a de Segurança Pública — ambas sob comando de deputados do PL — que planejavam aprovar moções de apoio a Bolsonaro, em reação às recentes determinações do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado impôs novas medidas cautelares ao ex-presidente, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.
Nos bastidores, a estratégia bolsonarista envolvia antecipar o fim do recesso legislativo, que teve início em 17 de julho, e dar início a uma ofensiva institucional nas duas casas do Congresso Nacional. Com a decisão de Motta, os planos sofreram um duro revés. O retorno oficial das atividades legislativas permanece agendado para 4 de agosto.
Diante do esvaziamento das comissões, aliados de Bolsonaro passaram a discutir alternativas, como a criação de frentes informais de articulação política e comunicação. Também estão sendo cogitadas manifestações públicas e o fortalecimento do discurso em defesa do ex-presidente.
Entre os temas prioritários da bancada bolsonarista para o retorno dos trabalhos legislativos estão: a proposta de impeachment de Alexandre de Moraes no Senado, a PEC que acaba com o foro privilegiado e a anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.