Haddad acusa Trump de usar tarifaço para reabilitar extrema-direita no Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (22) que a tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos às exportações brasileiras tem motivações políticas e busca “reabilitar a extrema-direita no Brasil”. A declaração foi feita durante participação, por videoconferência, no encontro nacional do PT, em Brasília, que discutiu o cenário político e econômico do país.

Segundo Haddad, um relatório recente da Polícia Federal reforça essa percepção. O documento responsabiliza o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por atuarem para dificultar negociações que poderiam suspender a taxação. “Vimos, pelas mensagens trocadas, que o único objetivo é livrar a cara dos golpistas. Não há outra finalidade para essa hostilidade além de tentar reabilitar a extrema-direita no Brasil”, afirmou.

O ministro destacou que o Brasil não aceitará ingerência externa: “O Brasil não pode servir de quintal de ninguém. Temos tamanho, densidade e importância para manter e garantir a nossa soberania”, disse.

Haddad também elogiou a condução das tratativas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, classificando sua postura como firme e equilibrada. “Sem bravata, mas fazendo valer a dignidade e a sobriedade da nossa gente”, pontuou.

Crise comercial e novos acordos

Apesar da tensão, Alckmin mostrou otimismo quanto à superação da crise. Ele destacou que o impacto do tarifaço atinge apenas 3,3% das exportações brasileiras para os EUA, que atualmente representam 12% do total vendido pelo país ao exterior. “Não vamos desistir de baixar essa alíquota e tirar mais produtos”, afirmou.

O vice-presidente citou ainda a ampliação das negociações com outros mercados, como a União Europeia, países do EFTA (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça), Singapura e Emirados Árabes Unidos. Segundo ele, medidas previstas no Plano Brasil Soberano, como linhas de crédito e isenção de tributos para insumos importados, devem reduzir os impactos da medida americana.

O governo brasileiro também abriu uma reclamação formal contra os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC) e busca apoio do bloco Brics para pressionar Washington.

PT promete reação nas ruas

Durante o encontro, o presidente nacional do PT, Edinho Silva, anunciou atos no Sete de Setembro para reforçar o discurso em defesa da soberania nacional. A mobilização também busca enfrentar manifestações organizadas por apoiadores de Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

“O Brasil está sendo penalizado injustamente. As tarifas sempre foram usadas para equilibrar relações comerciais, mas agora têm viés político, com objetivo de impedir a apuração de crimes graves, como a tentativa de golpe de 8 de janeiro”, declarou Edinho.

Segundo ele, as ações do partido até 2026 terão como prioridade a defesa da democracia e a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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