Brasil articula reação internacional ao tarifaço dos EUA e reforça defesa da democracia na América Latina

Faltando menos de duas semanas para o início da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo Lula intensifica esforços em duas frentes: articulação diplomática internacional e diálogo direto com o setor produtivo.

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, em Santiago (Chile), da cúpula “Democracia Sempre”, o presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, lidera negociações com empresários brasileiros para mitigar os impactos da medida norte-americana, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.

Respostas separadas: diplomacia e política interna

Em meio à crise comercial, o governo adota uma estratégia clara: evitar associações diretas entre a política externa e questões internas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Qualquer menção ao ex-presidente será tratada como tema exclusivo do Judiciário, especialmente do Supremo Tribunal Federal (STF).

Com isso, Lula e Alckmin buscam blindar a diplomacia da disputa política interna, concentrando esforços em acordos comerciais e articulações internacionais para conter os prejuízos ao agronegócio, indústria e exportações brasileiras.

Cúpula regional reforça defesa democrática

Na capital chilena, Lula se reúne com os presidentes Gabriel Boric (Chile), Yamandú Orsi (Uruguai), Gustavo Petro (Colômbia) e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez. Juntos, os líderes discutem estratégias para fortalecer a democracia na América Latina e promover o multilateralismo diante de ameaças autoritárias.

Em um comunicado conjunto, ainda em elaboração, os chefes de Estado destacam a importância da coesão social, dos direitos humanos e da justiça social como pilares da estabilidade democrática. Embora o nome de Trump não seja mencionado, o texto expressa preocupação com retrocessos nos direitos fundamentais, disseminação de desinformação e crescimento de redes de ódio.

A declaração final da cúpula está prevista para esta segunda-feira (20), com ênfase no respeito à soberania dos países, à autonomia das nações e ao fortalecimento da cooperação regional. A participação ativa de Sánchez, figura crítica ao governo Trump dentro da União Europeia, reforça o peso político do movimento.

Apoio internacional e alinhamento estratégico

Pedro Sánchez seguirá viagem por Montevidéu (Uruguai) e Assunção (Paraguai), onde deve ampliar o debate sobre a preservação da democracia. Entre os encontros previstos, destaca-se a reunião com a senadora uruguaia Lucía Topolansky, viúva do ex-presidente Pepe Mujica, símbolo da esquerda latino-americana.

O esforço conjunto visa não apenas resistir ao impacto econômico imediato do tarifaço de Trump, mas também consolidar uma frente internacional contra o avanço de regimes autoritários. A diplomacia brasileira, liderada por Lula, busca equilibrar os interesses comerciais com a reafirmação de princípios democráticos no cenário global.

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