Lula e o encanto que evapora

Os ventos mudam, e as pesquisas também. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), outrora dono de uma popularidade incontestável, vê seu desempenho no governo ser desaprovado por 55,3% dos brasileiros, segundo a mais recente pesquisa CNT/MDA. Para quem há poucos meses contava com uma aprovação de 50%, o tombo não foi pequeno: nove pontos percentuais a menos de prestígio. Mas claro, o que são números quando se tem narrativas?

A oscilação negativa não é exatamente uma surpresa. Afinal, entre um governo que parecia prometer união e uma realidade que entrega polarização e economia claudicante, a paciência do eleitorado parece estar se esgotando mais rápido do que as promessas de campanha. O saldo? Apenas 40,5% dos entrevistados ainda aprovam seu desempenho. Os outros 4,2%? Bem, esses provavelmente ainda estão tentando encontrar algum lado positivo para justificar a escolha nas urnas.

A pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre 19 e 23 de fevereiro, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais. Isso significa que, mesmo nos melhores cenários, a desaprovação do presidente segue bem acima da casa dos 50%. Mas calma, há sempre uma explicação conveniente na ponta da língua do governo: culpa da herança maldita, do Congresso, do mercado, da oposição ou, quem sabe, até do aquecimento global.

No jogo político, a popularidade é um ativo volátil. E Lula, que sempre soube usar o carisma como ferramenta de blindagem, agora enfrenta um eleitorado mais crítico e menos disposto a embarcar em discursos ufanistas sem a devida entrega de resultados concretos. A dúvida que fica: o governo conseguirá recuperar o encanto ou esta é apenas a primeira de uma série de quedas na ladeira da insatisfação popular?

Só o tempo – e as próximas pesquisas – dirão.

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