O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (30) que o prazo para início da cobrança de tarifas comerciais sobre produtos brasileiros permanece inalterado. Em publicações na rede Truth Social, Trump reforçou que o dia 1º de agosto está mantido como o início da vigência da nova taxação, que atinge o Brasil com uma sobretaxa de 50% sobre produtos exportados para os EUA.
“Um grande dia para a América”, escreveu Trump, ao confirmar que não haverá extensão de prazo. Em outra publicação, ele anunciou também uma tarifa de 25% sobre produtos da Índia, acompanhada de uma penalidade adicional. Embora tenha chamado a Índia de “nação amiga”, Trump justificou a decisão alegando tarifas “altíssimas” impostas por Nova Délhi sobre produtos americanos, além de barreiras não monetárias “extenuantes e detestáveis”.
O Brasil, no entanto, foi o país mais afetado pela medida, que segundo o governo americano, tem motivação política e comercial. Trump teria tomado a decisão como forma de retaliação pelo suposto “tratamento injusto” dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Brasil.
Governo brasileiro mantém diálogo
Apesar da aproximação da data-limite, o governo brasileiro afirma que as negociações seguem em andamento. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (30) que as conversas entre os dois países têm avançado nos últimos dias e que a entrada em vigor da tarifa não encerra o diálogo diplomático.
“O presidente Alckmin tem mantido conversas com sua contraparte nos Estados Unidos. Na minha opinião, essas conversas vão continuar evoluindo. A decisão do dia 1º não é o fim, é o começo de um diálogo”, declarou Haddad à imprensa, na entrada do Ministério da Fazenda.
Haddad classificou a tensão gerada pela decisão como “artificial”, sugerindo que o conflito foi em parte alimentado por brasileiros no exterior. “Se depender do Brasil, essa tensão desaparece. Ela foi produzida artificialmente, inclusive por pessoas do próprio país. Quando essa tensão se dissipar, a racionalidade vai prevalecer, e vamos chegar a um entendimento”, concluiu o ministro.
A sobretaxa atinge em especial as exportações de bens industrializados brasileiros, gerando preocupação entre governadores e empresários. Uma edição extraordinária do Fórum Nacional de Governadores, articulada por Ibaneis Rocha (DF), foi realizada também nesta quarta-feira para debater estratégias conjuntas e buscar uma solução diplomática com apoio do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin.