O governo dos Estados Unidos (EUA) acompanha de perto o processo eleitoral brasileiro após o presidente Jair Bolsonaro (PL) convocar embaixadores para falar dos riscos que, segundo ele, o sistema sofre com fraudes eleitorais.
Durante a 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas, em Brasília, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse nesta terça-feira (26/7) que os países americanos têm um compromisso firmado com o Estado Democrático de Direito e com a democracia.
“Os nossos países não estão ligados apenas pela geografia. Também somos atraídos pelos interesses e valores em comum, pelo nosso profundo respeito pelos direitos humanos e pela dignidade humana, pelo nosso compromisso com o Estado de Direito e por nossa devoção à democracia”, disse Austin durante sua fala no evento.
Lloyd completou afirmando que todo o hemisfério sul pode ser próspero, democrático e seguro caso os países se aprofundem ainda mais na defesa da democracia.
O discurso do secretário norte-americano era aguardado, já que se esperava que a mensagem passada sobre a defesa da democracia fosse destinada a Jair Bolsonaro, que afirmou em várias oportunidades, sem apresentar provas, haver fraude eleitoral nas urnas brasileiras e, por isso, não irá aceitar o resultado das eleições presidenciais deste ano caso as urnas não sejam “auditáveis”.
Pelas investidas de Bolsonaro em descredibilizar o processo eleitoral brasileiro, o governo estadunidense ameaçou cortar o apoio financeiro às forças armadas brasileiras caso os militares interviessem no resultado das urnas.
Compromisso com a democracia
O ministro da Defesa do Brasil, Paulo Sérgio Nogueira, também esteve presente na 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas e afirmou que o governo brasileiro respeita a Carta Democrática Interamericana.
Essa carta determina que a democracia deve ser a forma de governo de todos os países das Américas, que devem assumir o compromisso de fortalecer o sistema na região, como foi dito pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin.
A Carta ainda ressalta, em seu artigo de abertura, que: “Os povos da América têm direito à democracia e seus governos têm a obrigação de promovê-la e defendê-la”.
Paulo Sérgio Nogueira ressaltou, durante o seu discurso, que o Brasil seguirá os preceitos estabelecidos pelo documento.
“Da parte do Brasil, manifesto respeito à carta da Organização dos Estados Americanos, OEA, e a carta Democrática Interamericana, e seus valores, princípios e mecanismos”, afirmou o ministro brasileiro.
Após a conferência, os ministros devem assinar a “Declaração de Brasília”. O documento reforça o apoio à “Carta Democrática Interamericana e seus valores, princípios e mecanismos”.