Ministro da França anuncia plano para fazer do combate à violência doméstica prioridade da polícia

O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, anunciou uma série de medidas para melhorar o combate à violência doméstica no país. Depois de constatar que 102 mulheres foram mortas por seus cônjuges desde o início do ano, o ministro diz que determinará que esse tipo de denúncia tenha prioridade nas investigações da polícia, na frente de furtos, assaltos e tráfico de drogas.

“As queixas de violência doméstica terão que ir para o topo da pilha das investigações”, declarou Darmanin ao Le Parisien.

O balanço de homicídios envolvendo casais, embora seja o mais baixo em 15 anos, é implacável: em 2020, 102 mulheres e 23 homens morreram pelas mãos de seu cônjuge ou ex-cônjuge, ou seja, um crime a cada três dias.

A legislação francesa não caracteriza o feminicídio, mas 24% das vítimas haviam registrado uma reclamação na delegacia ou uma denúncia formal contra o marido ou companheiro.

Diversas tragédias recentes mostram que ainda há muitas falhas no tratamento das denúncias. Em maio, Chahinez Daoud, de 31 anos, mãe de três crianças, foi queimada viva depois de levar um tiro de seu ex-marido na localidade de Mérignac (oeste). Ela tinha registrado uma queixa contra o ex-companheiro dois meses antes do crime porque ele não estava respeitando a ordem de se manter distante dela, mesmo depois de ter sido condenado por violência doméstica.

Embora o número de feminicídios esteja em queda, a pandemia do coronavírus e dois períodos de lockdown exarcebaram a violência intrafamiliar. Em 2020, a polícia atendeu a mais de 400.000 ocorrências desse tipo, o equivalente a 45 intervenções por hora.

“Não passa um dia sem que o GIGN ou o Raid [as forças de elite da polícia francesa] não sejam chamadas para libertar uma mulher ou crianças feitas reféns”, diz o ministro do Interior.

 

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