Honduras vive disputa acirrada em eleição marcada por polarização e suspeitas de fraude

A eleição presidencial de Honduras, realizada no domingo (30), segue altamente disputada e envolta em tensões políticas. Com pouco mais de 40% das urnas apuradas, o conservador Nasry Asfura, do Partido Nacional e apoiado publicamente por Donald Trump, aparece na frente com 41% dos votos. Em segundo lugar está Salvador Nasralla, do Partido Liberal, com cerca de 39%. Rixi Moncada, candidata do partido governista LIBRE, soma 20%.

A disputa ocorre em um ambiente politicamente sensível, já que o país enfrentou nas últimas semanas suspeitas de manipulação eleitoral, denúncias cruzadas e forte polarização entre os três principais candidatos. A Organização dos Estados Americanos (OEA) expressou preocupação e pediu garantias de um processo livre de intimidação e interferências.

Pressão internacional e influência de Trump

A presença dos Estados Unidos na disputa se intensificou após Trump declarar apoio direto a Asfura, afirmando que trabalhará com o candidato para combater o tráfico de drogas. O ex-presidente também prometeu perdão ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, condenado nos EUA por crimes relacionados ao narcotráfico. A promessa gerou reações dentro e fora de Honduras, reacendendo o debate sobre a influência norte-americana no país.

Denúncias de fraude e clima de desconfiança

O processo eleitoral foi marcado por acusações de fraude antes mesmo das urnas serem abertas. O Ministério Público hondurenho afirmou que partidos de oposição tentavam manipular votos, alegação rejeitada pelos acusados. Paralelamente, surgiram gravações que, segundo o partido governista, indicariam tentativa de interferência de figuras ligadas ao Partido Nacional — gravações que os conservadores dizem ter sido produzidas por inteligência artificial.

A desconfiança aumentou após denúncias de eleitores que não conseguiram votar devido ao fechamento antecipado de algumas seções. O CNE ampliou o horário de votação, mas ainda assim houve relatos de locais encerrados com filas em andamento.

Desafios internos permanecem

Honduras carrega um histórico recente conturbado, desde o golpe de 2009 até a vitória de Xiomara Castro em 2021, que rompeu a hegemonia de décadas dos partidos Nacional e Liberal. Seu governo ampliou investimentos sociais e reduziu a taxa de homicídios, mas enfrentou críticas por manter estado de emergência prolongado e por continuar dependendo dos militares para funções policiais.

Com a apuração ainda em curso, o país segue atento. Nas próximas horas, Honduras deve descobrir quem governará o país de 2026 a 2030 — mas a legitimidade do processo e a estabilidade política continuarão sendo desafios centrais.

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