EUA e China retomam negociações comerciais em Estocolmo para evitar nova escalada tarifária

Brasília, 28 de julho de 2025 – As duas maiores economias do mundo voltam à mesa de negociações nesta segunda-feira (28), em Estocolmo, na Suécia, para tentar chegar a um acordo que prorrogue a trégua tarifária firmada em maio deste ano. Estados Unidos e China buscam evitar uma nova escalada nas tensões comerciais, que ameaçam impactar gravemente as cadeias globais de suprimentos e a estabilidade econômica internacional.

As negociações ocorrem no edifício Rosenbad, sede do primeiro-ministro sueco, onde as bandeiras dos dois países já estavam hasteadas nesta manhã. O encontro tem como pano de fundo o prazo final de 12 de agosto, estipulado para que os chineses formalizem um tratado tarifário de longo prazo com o governo Trump. Caso não haja acordo, as tarifas americanas podem voltar a níveis superiores a 100%, o que seria interpretado por analistas como um verdadeiro embargo bilateral.

De acordo com a Reuters, o objetivo imediato das delegações é garantir uma nova prorrogação de 90 dias da trégua atual, permitindo que ambas as partes continuem negociando sem novos aumentos de tarifas. O gesto também abriria caminho para uma possível reunião entre o presidente Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping, prevista para o final de outubro ou início de novembro.

Contexto delicado e riscos globais

As tratativas em Estocolmo ganham ainda mais peso após o recente acordo comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia, anunciado por Trump no domingo (27). O pacto estabelece uma tarifa de 15% sobre a maioria das exportações europeias para os EUA, incluindo o setor automotivo. Embora não se espere um avanço semelhante nas conversas com Pequim, especialistas acreditam que uma nova prorrogação do cessar-fogo tarifário é o cenário mais provável neste momento.

O jornal britânico Financial Times informou hoje que os EUA suspenderam temporariamente restrições às exportações de tecnologia para a China, em um gesto de boa vontade que visa não atrapalhar as negociações. Fontes ligadas ao Departamento de Indústria e Segurança do Departamento de Comércio afirmaram que houve orientação expressa para evitar medidas mais rígidas contra os chineses neste período.

Já o “South China Morning Post” publicou que os dois países estão comprometidos em não impor novas tarifas ou barreiras durante os próximos 90 dias. A informação, no entanto, não foi confirmada oficialmente.

“Estamos muito próximos de um acordo com a China. Nós realmente fizemos uma espécie de acordo com a China, mas vamos ver como isso vai se desenrolar”, declarou Trump a jornalistas, neste domingo, antes da assinatura do acordo com a União Europeia.

Impacto global

A retomada das negociações em Estocolmo é observada com atenção por governos e mercados ao redor do mundo. Um fracasso nas tratativas poderia comprometer não apenas o comércio bilateral, mas gerar reflexos negativos no comércio internacional, especialmente em setores como tecnologia, minerais estratégicos e farmacêuticos.

A escalada das tensões tarifárias entre EUA e China vem se arrastando há anos, com períodos intercalados de trégua e confronto. No atual contexto, em que os Estados Unidos também impuseram novas barreiras à União Europeia e ao Brasil, um impasse com a China ampliaria o risco de instabilidade geoeconômica e reacenderia temores de uma recessão global.

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