Dirigente da ONU critica preços e logística da COP 30 em Belém: “Insanidade e um insulto”

A preparação para a Conferência do Clima da ONU (COP 30), marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), está enfrentando críticas severas de dirigentes internacionais. Nesta sexta-feira (22), uma reunião entre o governo brasileiro e representantes do Bureau da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) terminou em clima tenso após questionamentos sobre os altos preços de hospedagem e falhas logísticas para o evento.

Segundo Juan Carlos Monterrey Gómez, vice-presidente do Bureau e representante do Panamá, as condições atuais são “inaceitáveis” e “um insulto” às delegações. Em publicação no LinkedIn, ele afirmou que os países estão sendo “forçados a pagar valores exorbitantes” para garantir hospedagem em Belém, com pacotes considerados inflexíveis e prazos curtos para pagamento.

“Mais de 70% das delegações não reservaram hospedagem. As opções custam de 200% a 400% acima da diária de subsistência da ONU, e simplesmente não são viáveis”, criticou Gómez.

O dirigente também acusou a presidência brasileira da COP 30 de ignorar as preocupações expressas por diversas regiões do mundo. Ele afirmou que a falta de soluções está gerando frustração e prejudicando o processo multilateral.

Críticas à falta de transparência

De acordo com Gómez, a comunicação com as delegações é falha, e os pacotes oferecidos impõem regras rígidas, como faturas a serem pagas em apenas três dias, independentemente dos trâmites internos de cada país. Para ele, isso compromete a participação de diversas nações e ameaça os princípios de inclusão que norteiam a COP.

“Não podemos realizar uma COP em condições que excluem a participação e violam os princípios centrais do multilateralismo”, declarou.

Resposta do governo brasileiro

Após a reunião, representantes do governo federal reafirmaram que “todas as condições logísticas, de infraestrutura, hospedagem e segurança estão asseguradas para a COP 30”. Apesar disso, dados apresentados durante o encontro mostram que apenas 47 dos 196 países que compõem a UNFCCC confirmaram hospedagem até o momento — cerca de 24% do total.

A crise em torno da hospedagem é atribuída aos preços elevados cobrados em Belém, um tema que dominou a reunião e pressiona o governo brasileiro a buscar alternativas para evitar constrangimentos diplomáticos e garantir ampla participação internacional.

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