Daniel Noboa busca reeleição no Equador com discurso de guerra às drogas e estilo midiático

O presidente do Equador, Daniel Noboa, de 37 anos, busca a reeleição apostando em uma política de linha-dura contra o narcotráfico, marcada por operações militares intensas, estados de exceção prolongados e forte presença das forças armadas nas ruas e presídios. A ofensiva o tornou comparado ao presidente salvadorenho Nayib Bukele, embora também tenha rendido críticas de organizações de direitos humanos por excessos e denúncias de abusos por parte da força pública.

Mesmo com pouca experiência política, Noboa se tornou o presidente mais jovem da história do país aos 35 anos, após vencer as eleições antecipadas em 2023. Agora, tenta se manter no poder com a promessa de “dobrar a aposta” contra o crime organizado. “Nós não somos uma promessa, somos uma realidade”, declarou.

Com estilo midiático, o presidente combina imagens duras — como discursos sobre tanques de guerra, colete à prova de balas e capacete — com postagens descontraídas nas redes sociais, cantando e se exercitando. Noboa se define como de centro-esquerda, mas governa com agenda econômica neoliberal e apoio de setores conservadores.

Ele também é uma figura polêmica:

  • Rompimento diplomático com o México, após invasão policial na embaixada mexicana em Quito;
  • Apoio a bases militares estrangeiras, hoje proibidas por lei no país;
  • Aliança com Erik Prince, fundador da controversa empresa de segurança Blackwater.

No campo pessoal, Noboa é casado com a influenciadora Lavinia Valbonesi, de 26 anos, e enfrenta denúncias de violência vicária e machismo, feitas por sua ex-esposa Gabriela Goldbaum. A vice-presidente Verónica Abad também o acusa de violência de gênero institucional, após ser afastada de forma não oficial do cargo.

Apesar da alta popularidade, as pesquisas indicam uma disputa acirrada no segundo turno com Luisa González, candidata da esquerda ligada ao ex-presidente Rafael Correa.

O caso de Noboa revela os desafios e contradições da liderança jovem e populista na América Latina, onde o combate ao crime se entrelaça com disputas de poder, denúncias de abuso e tensões com os direitos humanos.

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