Crise Diplomática: Brasil reage a ataques de alto funcionário dos EUA contra o STF

O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e a Secretaria de Relações Institucionais do Brasil repudiaram, no último sábado (9), declarações do vice-secretário do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, que acusou um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de “usurpar poder ditatorial ao ameaçar líderes dos outros Poderes”.

Em nota oficial, o Itamaraty classificou a manifestação como “um ataque frontal à soberania brasileira e à democracia”, destacando que o país “recentemente derrotou uma tentativa de golpe de Estado e não se curvará a pressões, venham de onde vierem”. A pasta também lembrou que essa foi a segunda manifestação hostil do governo norte-americano em apenas três dias, e que já havia expressado, na sexta-feira (8), seu “absoluto rechaço” à ingerência de Washington em assuntos internos brasileiros.

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também reagiu com firmeza, chamando a postagem de Landau de “arrogante” e “gravíssima ofensa”. Em suas redes sociais, Gleisi afirmou que “quem tentou usurpar o poder no Brasil foi Jair Bolsonaro” e acusou o ex-presidente e sua família de estimularem o ex-presidente norte-americano Donald Trump a pressionar o Judiciário brasileiro.

“Se querem mesmo ‘restaurar uma amizade histórica’, comecem por respeitar a soberania do Brasil, de nossas leis e Justiça, e parem de apoiar o golpista que tentou destruir nossa democracia”, declarou a ministra.

Escalada de tensão diplomática

O episódio é mais um capítulo no aumento das tensões diplomáticas entre Brasília e Washington. Na sexta-feira (8), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, para protestar contra ameaças ao Judiciário brasileiro.

As declarações de Landau somam-se às de outros representantes do governo Trump, como Darren Beattie, secretário de diplomacia pública, que alertou que “aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes”. O diplomata acusou o ministro do STF de “censura” e “perseguição” contra Bolsonaro.

Sanções e tarifas

Os Estados Unidos impuseram sanções financeiras ao ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, que pune autoridades acusadas de violar direitos humanos ou se envolver em corrupção. Além disso, aplicaram um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, medida que também teria como justificativa decisões do STF.

O governo Trump mantém críticas ao Supremo Tribunal Federal pelo processo penal contra Jair Bolsonaro e pelas ordens de remoção de conteúdos e bloqueio de redes sociais e plataformas digitais norte-americanas no Brasil.

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