Associação Internacional de Estudiosos afirma que Israel comete genocídio em Gaza

Resolução aprovada por maioria absoluta cita ataques sistemáticos contra civis, destruição de infraestrutura e fome deliberada

A Associação Internacional de Estudiosos do Genocídio (IAGS) aprovou neste domingo (31) uma resolução afirmando que Israel comete genocídio na Faixa de Gaza. O texto foi aprovado por maioria absoluta de mais de dois terços dos cerca de 500 membros da entidade, considerada a principal referência mundial no estudo do crime de genocídio.

Segundo o documento de três páginas, o governo israelense estaria envolvido em crimes sistemáticos e generalizados contra a humanidade, incluindo ataques indiscriminados contra civis, hospitais, residências, escolas e infraestrutura essencial.

Justificativas da resolução

A IAGS fundamenta sua decisão em elementos previstos na Convenção da ONU para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio (1948), como:

  • assassinato em massa de crianças e civis;
  • declarações oficiais que classificam palestinos como “animais humanos”;
  • destruição deliberada de fontes de alimentos e restrição à ajuda humanitária;
  • deslocamento forçado de 2,3 milhões de pessoas e destruição de mais de 90% das moradias em Gaza.

A associação também destacou ataques contra profissionais de saúde, trabalhadores humanitários e jornalistas, além de denúncias de tortura, detenções arbitrárias e violência sexual.

Crianças como alvo

De acordo com os pesquisadores, Israel matou ou feriu mais de 50 mil crianças em Gaza. “A destruição de uma parte substancial de um grupo constitui genocídio. Sem as crianças, o grupo não consegue se regenerar”, aponta o texto.

Fome e crise humanitária

O relatório também cita a destruição deliberada de áreas agrícolas e padarias, junto à restrição de ajuda humanitária, como prova da imposição de fome intencional.
Atualmente, Gaza vive situação classificada como catástrofe alimentar (nível 5) pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Resposta de Israel

O governo de Israel condenou a resolução da IAGS, afirmando que ela “se baseia inteiramente na campanha de mentiras do Hamas”.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores israelense disse que o documento “é uma vergonha para a profissão jurídica e para os padrões acadêmicos” e acusou os estudiosos de ignorarem “o genocídio tentado pelo Hamas contra o povo judeu”, que em 7 de outubro de 2023 matou 1.200 pessoas e mantém reféns.

Contexto internacional

Israel já responde a um processo por genocídio na Corte Internacional de Justiça (CIJ), aberto pela África do Sul e apoiado por países como o Brasil. Além disso, entidades como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch também classificaram a ofensiva em Gaza como genocídio — algo que Tel Aviv nega.

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