O aumento de 2,91% nas passagens dos ônibus semiurbanos que ligam as cidades do Entorno ao Distrito Federal, autorizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), foi novamente adiado por 30 dias. A medida, que entraria em vigor nesta sexta-feira (22), impactaria diretamente a rotina de cerca de 380 mil trabalhadores que dependem do transporte diariamente.
O reajuste já havia sido adiado em fevereiro, após pressão dos governos do Distrito Federal e de Goiás. Apesar da nova suspensão, especialistas alertam para os impactos econômicos que o aumento pode trazer, caso seja efetivado, atingindo tanto usuários quanto empregadores.
“O aumento encarece o custo direto para os usuários e também onera empregadores, que arcam com o vale-transporte, o que pode desestimular a contratação de mão de obra residente em Goiás. Além disso, trata-se de um sistema já precário, com superlotação e atrasos. O reajuste agrava desigualdades sociais”, afirmou o secretário do Entorno, Pábio Mossoró.
Reflexos econômicos
Parte significativa da força de trabalho do comércio, serviços e construção civil do DF reside em cidades goianas. Segundo o presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, um aumento nas tarifas pode gerar dificuldades para empresas:
“Um reajuste pode significar mais despesas, dificultar a manutenção de empregos e até frear contratações. É preciso buscar uma solução equilibrada que não prejudique trabalhadores nem empresas”, destacou.
Consórcio interfederativo em negociação
Os governos do DF e de Goiás solicitaram ao Ministério dos Transportes uma prorrogação de 90 dias para evitar o reajuste até que seja concluída a formalização do consórcio interfederativo que assumirá a gestão do transporte semiurbano. A ANTT, no entanto, concedeu apenas 30 dias.
De acordo com o subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte de Goiás, Miguel Angelo Pricinote, e o secretário do Entorno, Pábio Mossoró, o consórcio já conta com minuta de protocolo, projetos de lei e documentação técnica, mas ainda aguarda posicionamento formal da União sobre a adesão. O modelo prevê financiamento tripartite, com União, DF e Goiás dividindo custos em partes iguais — o que representaria cerca de R$ 67 milhões anuais para o governo goiano.
Medidas emergenciais
Enquanto as negociações avançam, Goiás estuda medidas para neutralizar os impactos do possível aumento, como a desoneração do ICMS sobre o combustível usado pelas empresas do sistema semiurbano.
Valores previstos em caso de reajuste
- Águas Lindas – Brasília: de R$ 10,85 para R$ 11,15
- Planaltina de Goiás – Plano Piloto: de R$ 11,05 para R$ 11,35
- Valparaíso – Brasília: de R$ 8,90 para R$ 9,15
- Luziânia – Plano Piloto: de R$ 12,15 para R$ 12,50
- Santo Antônio do Descoberto – Taguatinga: de R$ 9,65 para R$ 9,95