O Brasil lidera o ranking de maior número de estudantes por professor no ensino superior privado entre os países avaliados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O relatório Education at a Glance (EaG) 2025, divulgado nesta terça-feira (9), mostra que são 62 alunos por docente no setor privado, enquanto a média da OCDE é de 18 estudantes por professor.
Na rede pública, a situação é diferente. O Brasil apresenta 10 alunos por docente, índice inferior à média da OCDE, que é de 15.
Educação a distância como fator de impacto
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a disparidade se deve, principalmente, à expansão da educação a distância (EaD), concentrada no setor privado. De acordo com o último Censo da Educação Superior (2023), o país possui 9,9 milhões de estudantes matriculados, sendo 79,3% em instituições privadas. Entre os ingressantes, 73% optaram por cursos EaD. Na rede pública, o cenário é inverso: 85% dos novos alunos estão em cursos presenciais.
A coordenadora de Estatística Internacional Comparada do Inep, Christyne Carvalho, destacou que o novo marco regulatório da EaD pode ajudar a enfrentar o problema da superlotação. Entre as medidas, está a proibição de que cursos de bacharelado, licenciatura e tecnologia sejam oferecidos 100% a distância.
Desafios na carreira docente
Outro ponto de atenção revelado pelo estudo é o envelhecimento do corpo docente. Entre 2013 e 2023, o número de professores do ensino superior com 50 anos ou mais cresceu 23%, alcançando 33,8% do total. A média da OCDE é ainda mais elevada, de 40,4%.
Para Christyne Carvalho, o dado reforça a necessidade de políticas públicas que atraiam profissionais mais jovens para a carreira acadêmica.
“É um dado bastante instigante para que tomemos algumas ações públicas e possamos superar esse desafio”, afirmou.
O relatório
O Education at a Glance é um dos principais levantamentos internacionais sobre educação e reúne dados de 38 países-membros da OCDE e nações parceiras, entre elas o Brasil, Argentina, China e África do Sul. Neste ano, o foco principal da publicação é o ensino superior.
