Iniciativa fortalece lideranças populares e aposta na solidariedade como base para outro modelo de sociedade
Estão abertas até o dia 10 de agosto as inscrições para o programa de formação “Construindo o Fazer Solidário para um Outro Mundo Possível”, promovido pelo Camp – Escola do Bem Viver, no Rio Grande do Sul. A iniciativa é voltada para lideranças que atuam com economia popular e solidária, especialmente aquelas inseridas em territórios periféricos, rurais ou tradicionais.
Com 30 vagas disponíveis, o programa visa à formação política e ao fortalecimento de sujeitos coletivos comprometidos com os direitos humanos, a democracia e a justiça socioambiental. A proposta é incentivar a troca de saberes e experiências entre grupos, coletivos e empreendimentos populares, aprofundando temas como produção, comercialização solidária e planejamento coletivo.
Formação com base na prática e na reflexão crítica
A formação será conduzida com base em metodologias da Escola do Bem Viver, que integra saberes populares, reflexões teóricas e experiências práticas. Segundo Mauri Cruz, da coordenação do programa, a proposta é conectar os desafios concretos vividos nas comunidades com os dilemas estruturais do mundo contemporâneo, como a crise climática, as desigualdades e a precarização do trabalho.
“É uma oportunidade para que lideranças da base social periférica possam se reunir, discutir sobre sua realidade concreta e construir alternativas à lógica do capital”, afirma Cruz.
Representatividade e engajamento
As inscrições estão abertas a pessoas que:
- Residam no Rio Grande do Sul;
- Estejam envolvidas com grupos ou empreendimentos de economia solidária;
- E, preferencialmente, já tenham participado de ações do Camp nos últimos três anos.
A seleção das 30 pessoas levará em conta a diversidade de gênero, raça, território e segmento produtivo, promovendo uma formação plural e representativa.
Solidariedade como base de uma nova sociedade
Para Cruz, o curso pretende mobilizar lideranças para compreender e transformar a realidade à luz de uma visão crítica do sistema capitalista. Ele cita autores como Antonio Gramsci e Noam Chomsky para destacar a necessidade de uma formação política que vá além da prática econômica:
“A formação é essencial. Se não refletirmos sobre a realidade, corremos o risco de reproduzir as lógicas que queremos superar”, alerta.
O programa também é um contraponto à ideia de que os seres humanos são naturalmente competitivos. “A sociedade existe por causa da solidariedade. Desde que nascemos, dependemos uns dos outros. O individualismo é uma construção ideológica do capitalismo”, completa.
Apoio institucional
O programa integra o Projeto de Formação de Agentes de Desenvolvimento em Economia Solidária, realizado com recursos da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) do Ministério do Trabalho e Emprego, com o Instituto IDhES como parceiro técnico e pedagógico.
“Queremos formar pessoas que se vejam como parte da solução e não apenas como vítimas da exclusão. O Camp aposta na construção de um outro mundo possível, fundado no bem viver e na justiça para todos”, conclui Cruz.