Unidades básicas também podem fornecer o diagnóstico tardio em qualquer idade da criança
Agência Saúde-DF
Nesta segunda-feira (19), no Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) ressalta a importância do Teste do Pezinho e ainda o diagnóstico tardio que pode acontecer por exames solicitados pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Estudos demonstram que, caso a doença não seja identificada e a criança não receba o tratamento em tempo adequado, apenas 20% delas conseguirão chegar aos cinco anos.
A Doença Falciforme é genética e hereditária, resultante de uma mutação que provoca alteração nas hemácias, que acabam enrijecendo e adquirindo a forma de uma foice. Esta alteração dificulta a circulação e a chegada do oxigênio aos tecidos, desencadeando uma série de sinais e sintomas como dor crônica, infecções, icterícia, dentre outros.
Referência Técnica Distrital em Triagens Neonatais, Kallianna Gameleira, ratifica a importância da estratégia e dos pais pegarem o resultado do seu filho. “O Teste do Pezinho é direito de toda criança. No Distrito Federal, a Lei Nº. 4.190/08 garantiu ainda a sua realização antes da alta hospitalar do recém-nascido na rede pública. No entanto, é de extrema importância que os pais ou responsáveis tenham acesso ao resultado. Para isto é preciso buscá-lo na UBS mais próxima de sua residência. Com a detecção no teste, essa criança segue assistida de forma multiprofissional”, destacou a profissional. Já para quem ainda não realizou o exame, é preciso buscar uma UBS para obter o diagnóstico tardio.
Cerca de 2 mil pessoas tem a doença no DF, de acordo com levantamento de 2022. A capital ainda está entre as unidades federadas de maior incidência, conforme dados do Ministério da Saúde. A coordenadora da Atenção Primária do DF, Fabiana Fonseca, ressalta o papel das unidades básicas nesse processo de cuidado e mapeamento. Após o diagnóstico, a criança segue acompanhada na rede de forma multiprofissional.
“O Teste do Pezinho traz à tona a doença e os pais precisam estar atentos ao resultado para o acompanhamento dessa criança o quanto antes e, assim, evitar a sua piora. Ainda sobre a anemia falciforme, no pré-natal que a mãe realiza e a atenção aos exames de rotina, que inclui o pai da criança, é possível ter uma prévia sobre a possibilidade da sua ocorrência, e assim, preparar os pais porque a chance de ela ter é 50%”, ressaltou.
No Brasil, entre 2014 e 2020, a média anual de novos casos de crianças diagnosticadas com Doença Falciforme no Programa Nacional de Triagem Neonatal foi de 1.087, em uma incidência de 3,78 a cada 10 mil nascidos vivos. A doença pode ser observada uma prevalência maior na população negra, mas também atinge pessoas de raça branca, indígena, amarela ou parda. O Ministério da Saúde conta ainda com um cadastro nacional de pacientes com doença falciforme e outras hemoglobinopatias, que em fevereiro de 2022 atingiu 25 mil pacientes cadastrados.
Muitas pessoas ainda conseguem um diagnóstico dos traços da doença de forma aleatória na doação de sangue, por exemplo, onde é realizado o rastreamento da Hemoglobina S (HbS), ou até mesmo em exames solicitados para a gestante no pré-natal. Neste caso, tem sido frequente o rastreamento em adultos, já na vida reprodutiva, pois a Rede Cegonha preconiza o exame de forma obrigatória.
Tratamento na rede pública
Desde 2005, o Ministério da Saúde possui a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias. Atualmente, o SUS disponibiliza a medicação necessária para minimizar as complicações da doença, que melhora de forma significativa a qualidade de vida das pessoas, tais como: ácido fólico, analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e hidroxiuréia, que ajuda a reduzir o número de crises vaso-oclusivas, hospitalizações, ocorrência de Síndrome Toráxica Aguda (STA), eventos neurológicos agudos e da taxa de mortalidade.
O SUS conta ainda com o medicamento Fenoximetilpenicilina – um antibiótico de uso contínuo utilizado para prevenir infecções comuns nas crianças menores de cinco anos. Além disso, desde 2015, passou a realizar o transplante de medula óssea para pessoas com doença falciforme, que é um tratamento curativo.
Sintomas da doença
A doença pode afetar quase todos os órgãos e sistemas, ocorrendo a partir do primeiro ano e se estendendo por toda vida. Os principais são crises de dor, icterícia, anemia, infecções, síndrome mão-pé, acidente vascular encefálico e complicações tardias de desenvolvimento relacionadas à sobrecarga de ferro secundária às transfusões.