Sessão solene celebra a trajetória e os desafios do Conselho de Direitos da Mulher do DF

Na última segunda-feira (24), a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizou uma sessão solene para celebrar a história e os desafios do Conselho de Direitos da Mulher do DF (CDM-DF). O evento, presidido pela deputada Dayse Amarilio (PSB), reuniu diversas autoridades e reforçou a importância da luta pelos direitos femininos e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

Lúcia Bessa, conselheira do CDM e representante da sociedade civil pela Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica, emocionou o público ao relembrar um momento significativo com sua filha Beatriz, então com 4 anos. “Já sei o que você vai fazer, mamãe, você vai lutar para construir um mundo melhor pra mim”, disse a criança. A lembrança simbolizou o compromisso do CDM-DF com as futuras gerações de mulheres.

Dayse Amarilio destacou a importância da atuação do conselho ao longo de seus 37 anos de existência. “O CDM foi criado para ser um espaço estratégico de diálogo, luta e fiscalização das políticas públicas voltadas para as mulheres”, afirmou a deputada.

Desafios e conquistas

A secretária-executiva do Conselho Nacional do Direito da Mulher, Rosana Mota, ressaltou o impacto dessas instituições ao compartilhar sua própria experiência. Durante seu trabalho na primeira secretaria de políticas para mulheres em Recife, ela compreendeu a existência de direitos que antes desconhecia. “Ali aprendi que tinha direitos, e não apenas obrigações. Passei a entender minha condição de mulher negra e mãe solo”, relatou. Mota alertou ainda sobre os desafios crescentes: “A violência nos atravessa, atravessa nossa família e, se descuidarmos, atravessa nosso futuro”.

A procuradora especial da Mulher na CLDF, Paula Belmonte (Cidadania), chamou a atenção para o aumento de casos de violência contra mulheres e meninas, citando episódios recentes de gravidez precoce e exploração sexual em feiras do DF. Ela reforçou a necessidade de transformação política: “Sofremos violências física, sexual, patrimonial e enfrentamos a falta de igualdade de oportunidades. Mas acredito que, com renda e autonomia, podemos promover mudanças”.

Giselle Ferreira, secretária de Estado da Mulher e presidente do CDM, abordou a urgência do enfrentamento ao feminicídio e homenageou vítimas desse crime, adicionado ao Código Penal em 2015. “Estamos aqui por nossas Vitórias, nossas Valderias, nossas Marias. Só poderemos comemorar quando tivermos feminicídio zero”, enfatizou.

Por outro lado, Ivonice Ares Campos, vice-presidente do CDM, celebrou os avanços alcançados. “Temos uma legislação competente. Nos anos 1990, começamos a olhar para dentro dos lares e compreender o que acontecia. Antes disso, muitas de nós viviam amedrontadas, confiando apenas em si mesmas”, destacou. Ela finalizou reforçando um dos princípios do CDM: “Onde uma está, todas estão”.

Reconhecimento e ações pelo Mês da Mulher

Durante a solenidade, diversas mulheres receberam moções de louvor em reconhecimento aos serviços prestados a Brasília. O evento integrou as atividades do Mês da Mulher na CLDF, que, entre os dias 17 e 20 de março, ofereceu serviços gratuitos, palestras e atividades para o público feminino. Também foi lançado o Observatório da Mulher, ferramenta dedicada ao monitoramento e análise de dados sobre participação feminina na política e no mercado de trabalho, além de indicadores de violência de gênero no DF.

Com iniciativas como essa, o CDM-DF segue fortalecendo a luta pelos direitos das mulheres e a construção de um futuro mais igualitário para todas.

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