Mulheres são até 48% de participação em projetos da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF

Percentual foi levantado nos trabalhos beneficiados pela Lei Aldir Blanc; presença da mulher superou a marca mínima de 30% no Fundo de Apoio à Cultura

Dhi Ribeiro cantou em live músicas em homenagem à luta das mulheres contra desigualdade. Vídeo está disponível na pasta da Secretaria de Cultura e Economia Criativa no YouTube | Foto: Divulgação/Secec (foto tirada antes da pandemia)

A participação das mulheres como proponentes em editais lançados pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa  (Secec) não só superou a marca desejável de 30%. Foi além e alcançou a marca de 48%, no caso da aplicação de recursos da Lei Aldir Blanc, voltada para o auxílio ao setor cultural em razão da pandemia do novo coronavírus.

A presença das mulheres superou a marca de 30% nos projetos custeados pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC). São delas 118 dos 360 projetos investidos nessa linha de atuação da pasta.

Essas estatísticas foram comemoradas pelo secretário Bartolomeu Rodrigues durante o evento on-line Mulheres no Giro da Cultura, que debateu a questão da inclusão e da equidade de gênero no setor cultural.

“Temos a obrigação de aprofundar a discussão sobre equidade de gênero”, afirmou o secretário durante o debate realizado na sexta-feira passada (26) e que apresentou as ações desenvolvidas pela pasta em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.

“Estamos atentos para discutir ações efetivas de políticas públicas dentro da secretaria”, reforçou, durante o evento, marcado por bate-papo embalado pelos músicas do repertório de Dhi Ribeiro, canções que simbolizam a força e a resistência feminina.

“Salve a mulher que luta, que cria, que carrega esse país como a gente carrega. Enquanto mulher, tenho que ser criativa o tempo todo e buscar caminhos inéditos na minha carreira”, pontuou  a cantora.

Ao todo, a programação da Secec em comemoração à mulher reuniu um público de 484 pessoas em torno da programação exibida no canal do Youtube da pasta.

Participaram do debate a gerente de cultura do Plano Piloto, Danielly Monteiro; a sambista Dhi Ribeiro; a artista cadeirante Carla Maia; Márcia Lobo, representante da comunidade tradicional cigana e do Conselho Regional de Cultura da Candangolândia; a produtora Kika Carvalho; a jornalista e escritora Luciana Barreto; e  Dayse Hansa, representante da Associação de Produtoras e Trabalhadoras da Arte e Cultura (Apta).

A conversa teve como moderadora a subsecretária de Difusão e Diversidade e Cultural, Sol Montes, e as assessoras de Relações Institucionais, Beth Fernandes; e de Articulação de Políticas Culturais, Mirella Ximenes.

Capacitação e cotas

Líder da Apta, Dayse Hansa apontou que a oferta de capacitação para mulheres em segmentos culturais ainda é inferior. A artista plástica e gestora cultural apontou o caminho da profissionalização e do acesso ao fomento. “Defendo a contratação de mulheres por meio de cotas e acredito que hoje o nosso grande desafio é o enfrentamento da desconstrução do machismo com os nossos colegas. Ouçam mais as mulheres!”, pediu.

Para a socióloga e cantora Danielly Monteiro, as ações afirmativas funcionam como uma fenda possível diante de todas as injustiças históricas sofridas pelas mulheres. “Precisamos enfrentar os desafios com políticas públicas emergenciais, de médio a longo prazo, principalmente olhando o caso das mulheres”, pontuou Danielly.

Professora, escritora e jornalista, Luciana Barreto salientou a desigualdade de gênero no âmbito profissional. “Como educadora, costumo provocar meus alunos com as grandes obras da literatura. Chega de só remar contra a maré o tempo todo! Sugiro oficinas de letramento e escrita criativa para as mulheres da cultura”, solicitou.

Basta de preconceitos

Profissional dos bastidores, Kika Carvalho destacou o trabalho na área técnica cultural, a chamada “graxa”. Ela considera que a área de montagem de shows e eventos, universo predominantemente masculino, pode ter mais mulheres, mas falta capacitação.

“Agora, eu imagino, vivo e enfrento essa realidade. Somos pouquíssimas, e sou uma das pioneiras. O caminho que estou buscando é para que mais mulheres trabalhem e se capacitem na ‘graxa’”, reivindicou.

Márcia Lobo, por sua vez, relatou o preconceito sofrido por ser cigana. Ela contou que só conseguiu estudar depois de adulta, em razão das tradições impostas pelo pai.

“Hoje, sou formada em cinco faculdades e faço da dança cigana uma ferramenta de inclusão e protagonismo para abraçar todas as mulheres”, ressaltou.

Vagas para deficientes

Idealizadora do grupo de dança Street Cadeirante, Carla Maia, tetraplégica desde os 17 anos devido a um sangramento espontâneo na medula, contou que sempre quis estar em movimento. Após participar de um concurso de miss cadeirante na Polônia, ela relatou que voltou querendo dançar, atividade que praticava na adolescência.

“Hoje o grupo cresceu e conta com aulas virtuais para todo o Brasil. Precisamos de vagas em editais para pessoas com deficiência, prêmios para quem faz eventos de inclusão e mais acessibilidade aos pontos de cultura”, destacou.

A subsecretária Sol Montes finalizou o encontro, defendendo a descentralização dos mecanismos da cultura e a inclusão de acessibilidade e capacitação para mulheres e demais grupos. “A gente quer ouvir a comunidade para poder fazer cada vez mais. Vocês todas são de uma riqueza imensa. É só o começo. Ouvindo vocês, vamos trilhar todas juntas”, arrematou.

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa

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