Mulheres estão no comando de muitas pistas da noite brasiliense

O Diversão & Arte conversou com três DJs para saber como a cena cultural de Brasília as recebe e quais são os principais obstáculos

MD Matheus Dantas*

Carol Stérica ao lado de uma das fãs de seu som: Priscila Guimarães(foto: Xavier de França/ Divulgação)
Há 11 anos tocando nas noites de Brasília, a DJ e produtora Carolina Guimarães, mais conhecida como Carol Stérica, é um dos nomes mais conhecidos da cena de DJs mulheres que provam a cada festa que as minas dão conta do recado.
De acordo com Carol, os espaços para as mulheres estão crescendo, principalmente em Brasília, devido ao maior envolvimento feminino na produção dos eventos.
“As minas estão tomando conta da produção de eventos alternativos da cidade e dando espaço para outras mulheres tocarem. Mas essas oportunidades não são só porque é mulher que está produzindo, mas porque elas sabem que nós somos boas no que fazemos”, conta a DJ.
Formada em música, Carol Stérica, semanalmente, agita festas de casas como Outro Calaf e Sub Dulcina, mas questiona o tratamento que ela e as outras DJs ainda recebem.
“Durante esses 11 anos em que estou tocando na noite da capital, tive a oportunidade de tocar nas principais boates do Brasil, e, nessa experiência, percebi que 90% dos lugares onde sou chamada para tocar normalmente são de produções de mulheres. Os outros 10% são homens que me chamam, principalmente quando é 8 de março, Dia internacional da Mulher”, revela Carol Stérica.
DJ Athena: falta de espaço em eventos produzidos por homens(foto: JP Rodrigues / Divulgação)

Engajamento
Em atividade nas badaladas noites da capital desde 2014, a DJ Athena anima os festeiros com um set repleto de influências, que vão desde o vogue ao techno, o bass e sucessos globais, além de muitas pitadas de música latina.
A também produtora de eventos, conta que cada vez mais mulheres estão se engajando em realizar suas próprias festas, devido à falta de espaços para trabalhar em eventos produzidos por homens.
“Em eventos feitos por homens, geralmente, não temos muito espaço para trabalhar, um dos fatores que acaba motivando as mulheres a fazerem os seus. Ainda temos de lidar com muito machismo e situações péssimas, alguns caras simplesmente não nos levam a sério e nos veem como se fôssemos insignificantes dentro da cena”, comenta Athena.
A DJ também destaca que os locais em que mais se sente à vontade para tocar são os que têm a participação de mulheres na produção, e elogia espaços que dão a oportunidade de mudar sempre de produtor para realizar festas, casos como Calaf e Sub Dulcina.
Experiência
Pode-se dizer que a DJ Andie é uma das mais veteranas na cena de DJs mulheres que tocam na noite. Andie Araújo começou a tocar em 2007, quando ainda era bastante raro ver as mulheres nas pick ups da cidade, comandando e animando as festas.
Para se manter sempre em alta no mercado, a DJ conta que já tocou de tudo, e pontua que o mais importante é acompanhar o que o público pede.
“Já toquei rock, indie, pop e hoje caminho mais para o pop 2000 e funk. Acompanhar o mercado e o que o público pede é um diferencial também”, explica a DJ.
Ver a cena de DJs mulheres crescendo e ganhando respeito hoje é uma grande vitória para a DJ, que há 11 anos vem batalhando para essas conquistas.
“Quando comecei a produzir e a tocar em 2007 eram pouquíssimas mulheres na cena. As labels eram 90% masculina nos line ups e nós não éramos tão respeitadas. À medida em que as festas alternativas tiveram um boom, fomos agregando outras meninas e as ensinando a tocar. Uma coisa de ajudar mesmo. Hoje, em Brasília, temos muitas DJs em vários estilos, sendo que, anos atrás, eram muito poucas, você conseguia contar nos dedos. Hoje, se me perguntarem quantas DJs eu conheço, rapidamente posso citar umas 15. Quer um exemplo desse crescimento? Em Brasília, temos a DJ Rivka que tem 12 anos de idade. Isso parecia impossível há pouco tempo”, comemora Andie.
*MD Matheus Dantas – Estagiário sob supervisão de Igor Silveira
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2018/07/24/interna_diversao_arte,696871/mulheres-djs-em-brasilia.shtml

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