A participação das mulheres no serviço policial militar do Distrito Federal está completando 38 anos desde a primeira turma, ingressada no ano de 1983. Aliada a essa data, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, que ocorre no dia 8 de março, a Polícia Militar do DF selecionou uma representante de cada modalidade de policiamento. A finalidade é relatar e tornar conhecido os sentimentos que envolvem suas rotinas profissionais, sociais e familiares, e como integram essas questões, uma vez que fazem parte de um grupo seleto de mulheres que encaram, no dia a dia, o desafio de superar e lidar com as mais variadas exigências profissionais.
A Major Kelly, Subcomandante do 1º Batalhão de Polícia Militar, policial militar há 24 anos, afirma que se sente grata a Deus e ao Comando da Corporação que confiou a tarefa de dirigir tantas ações importantes no Batalhão Pioneiro da capital do país. “É desafiador motivar todos que estão à minha volta mesmo quando o cansaço chega. Tenho o privilégio de ter uma família maravilhosa que compreende meus momentos de ausência. Isso me dá tranquilidade para desenvolver minhas funções, enquanto policial. Esses dias minha filha falou: ‘mãe, não sei como você consegue estar às vezes ausente e ao mesmo tempo ser tão presente aqui em casa’, e sorriu. Isso me confortou! É como se dissesse: ‘vá em frente!’”
A Capitão Vilela, ingressada desde 2010, Coordenadora Geral do Programa de Prevenção Orientado à Violência Doméstica e Familiar (PROVID), linha de frente de proteção às famílias, acredita que a mulher policial tem um olhar mais sensível para entender algumas problemáticas. Ela afirma: “em todas as nossas equipes do PROVID há, pelo menos, uma mulher fazendo parte, exatamente por conta deste olhar diferenciado. Tenho muito orgulho de ser policial militar e no caso do PROVID a figura da mulher policial militar representa muito, porque em situações em que há mulheres vítimas de violência doméstica, por exemplo, uma mulher fardada, de alguma maneira, representa um melhor acolhimento.”
A Tenente Renata, do Comando de Policiamento de Trânsito (CPTRan), ingressou em 2010 na Corporação e desde 2019 está lotada no CPTran. Ela destaca que as ocorrências mais comuns atendidas pelo Comando, envolvem acidentes de trânsito, perícias com danos ao patrimônio público, transporte irregular de passageiros, embriaguez ao volante, recusa ao teste etilômetro, além de outras tantas. A oficial ressalta que se sente orgulhosa e grata a Deus. “Minha mãe sempre me ensinou a ser forte, a lutar e nunca permitir que as dificuldades me abalem. Alguns dias são mais difíceis que outros, como para todo mundo, ainda mais nesta profissão tão cheia de surpresas, mas sinto que ser policial não é definida por sexo, mas pelo empenho e dedicação.”
A Sargento Talita, lotada no PATAMO/BPChoque, ingressada há 10 anos na PMDF, conta que os crimes mais comuns são situações de manifestações, roubo e furto e tráfico de entorpecentes. De acordo com a Sargento, isso a torna uma pessoa mais cautelosa, tanto em serviço quanto na folga. “Sempre presto bastante atenção ao ambiente em que estou, faz parte da minha rotina. Por prestar um policiamento especializado, treino muito tiro, ações de controle de distúrbios, abordagens, condução de comboios, escoltas, etc. Isso exige um condicionamento pessoal diferenciado que busco alcançar com treinamentos físicos e preparo emocional.”
Policial da ROTAM há seis anos, a Sargento Luana acredita que todo policial militar convive com o temor de não voltar pra casa, de não poder rever a família, “mas a gente continua, porque o receio de ver o mal prevalecer é maior. É isso que faz o guerreiro seguir em frente na sua missão, sem se acovardar, mesmo sabendo que um alto preço pode ser exigido.” Na ROTAM, a missão é fazer frente ao crime e apoiar os policiais das demais unidades, seja onde for. “A gente sai pra tirar arma da rua, fechar boca de fumo, capturar foragidos, recuperar os bens subtraídos do trabalhador. A ROTAM é um lugar para quem vibra, quem é automotivado, é um Batalhão de idealistas. Para operar na ROTAM é preciso ser sagaz, intuitivo, curioso, tem que ir além do óbvio nas ações e isso ninguém aprende, só aperfeiçoa.”
A Sargento Mariana serve no Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e conta o que o policial do Bope precisa estar apto a atender situações de busca e captura de foragidos, suicidas armados, ações anti e contra bombas, além de combate ao crime organizado. “Não dá para ter medo. Minha escolha é estar conectada ao Criador, assim consigo seguir confiante no cuidado dEle, proteção e amor”. Completa: “a mulher que decide ser policial acumulará mais uma atribuição em sua vida. Me sinto desafiada e honrada em fazer parte da tropa de elite da PMDF. Ser mulher, em essência e uma policial íntegra, demanda além da dedicação, autoconhecimento e sabedoria. Autoconhecimento para que saiba a identidade e seu papel no lar, na Corporação e na sociedade. E sabedoria para administrar todas as demandas que envolvem sua vida e seus propósitos.”
Atuando no Batalhão de Aviação Operacional (BAvOp) há cinco anos, a Sargento Gabrielle já se acostumou com os roncos dos motores das aeronaves que circulam pelos ares da capital. A policial conta que é necessário atenção plena no trabalho. “Sempre atenta ao trabalho, mas ao entrar em casa, esqueço o que se passa na rua. Aproveito para viver o momento com a minha família e agradecendo a Deus sempre!”
A Cabo Melina trabalha há cerca de seis anos na Companhia Lacustre, vinculada ao Batalhão Ambiental (BPMA). A policial conta que o policiamento ao qual está habituada envolve um treinamento específico que proporciona habilitação para condução de embarcações, mergulho e salvamento aquático, abordagem policial a embarcações. “Lido com crimes contra os recursos pesqueiros, fauna e flora. Além de crimes comuns como furtos, roubos, uso e porte de drogas no Lago Paranoá e nas suas margens.” A Cabo Melina completa, “Para mim é um orgulho ser policial militar e trabalhar numa área tão diferente. Fui bem recebida pelas equipes de trabalho em que atuei. Estou na mesma equipe há 5 anos e o trabalho acontece com bastante parceria.”
A Cabo Marianggelle, lotada no Batalhão Ambiental desde 2016, reconhece a importância do meio ambiente e do trabalho de policiamento que visa valorizar a fauna e a flora do Cerrado. Como a policial trabalha em área rural, as ocorrências mais comuns são referentes à perturbação de sossego, Maria da Penha e veículos abandonados. Ela conta o que mudou em sua vida após ingressar na PMDF, “alterei alguns comportamentos de quando era civil. Não deixo de sair e me divertir, porém aprendi a ser mais seletiva e atenciosa com os ambientes que frequento.” E fala sobre o sentimento de ser mulher policial: “Gratidão a Deus por me proporcionar uma profissão onde posso conhecer o melhor e o pior e saber que a cada dia que passa posso crescer e trabalhar para termos uma sociedade mais segura.”
Os componentes do Grupamento Tático Operacional (GTOp) prestam um tipo de policiamento que consiste em realizar patrulhamentos táticos em apoio às viaturas de área. Os GTOps são destacamentos operacionais temidos por criminosos e respeitados por toda sociedade. A Cabo Karine, relata que os treinamentos são bem intensos e que os policiais devem estar sempre de prontidão e alertas. Com cerca de 25 atendimentos de ocorrências por mês, a policial assegura que os crimes mais comuns combatidos pelos GTOp que integra envolvem a repressão a roubos, atendimento a vítimas de violência doméstica, apreensão de armas e repressão ao tráfico de drogas. “Minha família se preocupa bastante comigo. Minha mãe pergunta se não vou trabalhar no serviço administrativo, mas todos sabem que o serviço que gosto é o de rua. Meu marido já se acostumou e respeita minha escolha, estou sempre contando pra ele sobre as ocorrências que atendemos.”
Um sonho de criança que se tornou realidade em 2014, é assim que a soldado Viviane define sua profissão. A soldado compõe o Grupamento de Operações no Cerrado (GOC), subunidade do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), responsável pelo policiamento em ambientes rurais e naturais. A soldado Viviane afirma que ser mulher e policial militar é muito gratificante “é uma mistura de realização pessoal e amor na defesa da sociedade do Distrito Federal, ombreando com homens e mulheres que estão dispostos a fazer o que for necessário para cumprir seus deveres e proteger o cidadão de bem. É algo que não tem preço, eu não trocaria por qualquer outra profissão neste mundo,” afirma a policial.
Fonte: Polícia Militar do Distrito Federal