O estudante Nicolas Xavier, de 18 anos, do Centro Educacional (CED) Incra 8 de Brazlândia, lançou nesta segunda-feira (8) seu segundo livro, Pequenos Mundos: Barquinhos de Papel, em evento realizado na Biblioteca Nacional de Brasília. A obra marca mais um capítulo da trajetória literária do jovem, que começou a escrever ainda na infância e transformou a escrita em ferramenta de expressão e autonomia.
Diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Nicolas descobriu o gosto pela literatura aos 9 anos, sempre apoiado pela família e pelos professores. Em 2023, publicou o primeiro título, Astro Guardiões, abrindo caminho para a construção de um repertório próprio. O novo livro, segundo ele, reúne referências acumuladas ao longo dos anos.
“Fui juntando ideias até que tudo se transformou em uma história completa. Cada capítulo tem algo do que gosto de ler e imaginar. Minha família esteve comigo em todas as etapas”, contou.
A subsecretária de Educação Inclusiva e Integral da Secretaria de Educação do DF, Vera Lúcia Barros, acompanhou o lançamento e destacou o comprometimento do estudante, que participou das aulas do Enem Inclusivo e Especial de 2025. “Nicolas sempre esteve presente. Ver esse sonho se realizar, com apoio tão forte da família e da escola, é muito emocionante. Ele simboliza a inclusão de qualidade que defendemos”, afirmou.
A mãe do jovem, Lidiane Xavier, também ressaltou o papel da escola na formação do filho. Ela lembrou que, embora Nicolas tivesse facilidade com áreas de exatas, enfrentou desafios na alfabetização. “O incentivo escolar foi determinante. O avô, que também é escritor, ajudou muito a despertar nele o hábito da leitura. Ver que o TEA não o limita é uma alegria enorme”, disse.
O apoio do CED Incra 8 foi decisivo em toda a caminhada. Em 2023, quando Nicolas apresentou Astro Guardiões à comunidade escolar, o livro foi escolhido pelos alunos como leitura-base da feira cultural daquele ano. A obra inspirou encenações, leituras dramáticas e criação de personagens. A partir dali, a professora e bibliotecária Ivonete Vieira convidou o estudante para atuar como voluntário na biblioteca, incentivando ainda mais sua produção.
Foi também Ivonete quem abriu caminho para o lançamento do novo livro na Biblioteca Nacional. A turma de Nicolas fez questão de acompanhar o evento e, em gesto simbólico, transferiu a confraternização de formatura para o local. “A inclusão se torna real quando a comunidade escolar acredita, apoia e celebra junto”, destacou a professora.
O vice-diretor da escola, Raul Trindade, também prestigiou o lançamento e contou a surpresa ao descobrir que um dos personagens da obra leva seu nome. A relação com o aluno começou anos antes, quando ele utilizava música nas aulas como recurso pedagógico. “Saber que inspirei um personagem me deixou muito feliz. O Nicolas ilumina qualquer ambiente. É dedicado, curioso e cheio de imaginação. Estamos certos de que muitos livros ainda virão”, afirmou.
O lançamento de Pequenos Mundos: Barquinhos de Papel reforça o potencial criativo de Nicolas e evidencia o impacto do apoio contínuo da família e da escola. A história do jovem escritor se soma a tantas outras que mostram como a inclusão, quando efetiva, transforma vidas e abre caminhos antes inimagináveis.
