Florada dos ipês transforma Brasília em galeria a céu aberto e movimenta turismo, arte e economia criativa

Início da seca marca espetáculo natural que inspira artesãos e impulsiona o setor cultural e turístico da capital

Com a chegada da seca, Brasília se transforma em um verdadeiro espetáculo natural. A florada dos ipês, que começa no segundo semestre do ano, pinta a capital federal com tons vibrantes de roxo, amarelo, rosa e branco, encantando moradores e turistas, e se consolidando como um símbolo afetivo e cultural do Distrito Federal.

A beleza das árvores não apenas embeleza a cidade, mas movimenta diversos setores, do turismo ao artesanato. Um dos exemplos dessa conexão entre natureza e arte é o trabalho do artesão Felipe Andrade dos Santos, conhecido como Felipe Andra ou “jardineiro dos metais”. Inspirado pela resiliência e beleza dos ipês, ele transforma arames e cordas náuticas em esculturas que representam as árvores em flor, com galhos trançados e formas orgânicas que remetem ao cerrado.

Felipe começou no artesanato durante a pandemia, após assistir a um vídeo de um artesão japonês no TikTok. De lá para cá, a paixão virou profissão. O artista foi premiado no Prêmio Sebrae de Artesanato e recebeu o Troféu Mérito Artesãs e Artesãos do DF, entregue pela vice-governadora Celina Leão.

Hoje, Felipe expõe suas peças na loja do Projeto Artesanato de Brasília, mantido pela Secretaria de Turismo do DF (Setur-DF). Criada em 2019, a iniciativa já beneficia 1,5 mil famílias e movimentou mais de R$ 2 milhões em vendas no último ano, com aumento de 33% nas receitas. Somente em 2024, o projeto registrou mais de mil novos cadastros e segue expandindo com unidades no Pátio Brasil, Alameda Shopping e Feira do Guará.

“O apoio do GDF para o artesão em Brasília é total. Esse espaço muda tudo para a gente”, destaca Felipe. “Hoje, com apoio da Setur, conseguimos levar nossas criações para outros estados, como na Feira Nacional de Negócios de Artesanato (Fenearte)”.

Natureza, identidade e inovação

A florada dos ipês, além de encher os olhos, tornou-se parte do calendário emocional da cidade. Os ipês-roxos florescem entre junho e agosto; os amarelos, entre julho e setembro; e os rosas e brancos, entre agosto e setembro. Para o secretário de Turismo em exercício, Bernardo Antunes, o período tem valor simbólico e econômico.

“Os ipês são um convite irresistível para redescobrir Brasília com um novo olhar. Eles fortalecem o turismo ecológico e fotográfico, impulsionam o artesanato e reforçam a identidade única da capital, que une natureza, arquitetura e cultura”, afirma.

A influência dos ipês chegou também à tecnologia. A bióloga Paula Ramos Sicsú desenvolveu o Ipês App, aplicativo gratuito e colaborativo que mapeia as árvores floridas por tipo e estágio de floração, com fotos, dados e até localização de pontos de apoio, como bebedouros e banheiros.

O cuidado com a arborização urbana fica por conta da Novacap, que plantou mais de 93 mil mudas de ipês entre 2016 e 2023. Hoje, o DF contabiliza cerca de 270 mil ipês, tornando a capital uma referência nacional em paisagismo urbano.

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