Em 6 de agosto de 1945, às 8h15, a bomba atômica Little Boy era lançada pelos Estados Unidos sobre a cidade de Hiroshima, no Japão. Três dias depois, era a vez de outro artefato nuclear, a Fat Man cair em Nagasaki.
Os ataques selaram o fim da 2ª Guerra Mundial, quando os países aliados (Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética) venceram as nações do eixo (Japão, Itália e Alemanha).
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O ataque em Hiroshima deixou 166 mil mortos e em Nagasaki calcula-se em 80 mil o número de vítimas. Era o fim de um conflito e o início de outra, a Guerra Fria, onde Estados Unidos e União Soviética, cada um de seu lado e com seus respectivos satélites, rivalizavam-se na primazia pela corrida armamentista nuclear.
Agora, 80 anos depois, a Japan House São Paulo, na Avenida Paulista, apresenta a exposição Heiwa, um apelo de paz. O evento gratuito, com duração até 31 de agosto, que relembra os ataques nucleares às duas cidades japonesas.
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A palavra Heiwa significa “paz” em japonês, conceito que norteia toda a exposição. A intenção é que o público possa refletir sobre o valor da vida e coexistência de forma pacífica.
Para a diretora cultural da Japan House, Natasha Barzaghi Geenen, relembrar os ataques atômicos permite aprender com os erros do passado.
Segundo Natasha, a questão da memória “é uma coisa que os museus fazem de maneira muito forte”.
“A memória tem a função de replicar os bons exemplos do passado e não repetir aqueles que não deveriam nunca mais acontecer. E muita gente, das gerações mais novas, talvez não tenham consciência do que significou tudo isso (os ataques nucleares). A importância é sobretudo de fazer um apelo de paz, que é o mote da exposição”, disse a diretora.
Na exposição, os participantes do evento são convidados a fazer tsurus, que são origamis de papel. Na cultura japonesa, os tsurus representam a paz. Segundo a crença, ao dobrar mil origamis, as pessoas podem fazer um desejo. Oficinas de confecção dos origamis estarão disponíveis na mostra.
“É bastante comum na cultura japonesa essa percepção de comunidade. Quando existe alguém passando por uma situação difícil, é comum se juntarem fazendo tsurus, buscando atingir o número de mil para conceder um desejo. A ideia é que a gente tenha uma manifestação do nosso lado, do Brasil, mandando para o Japão o desejo de paz mundial”, explica Natasha.
As doações de tsurus recebidas pela Japan House serão enviadas para o Parque Memorial da Paz, em Hiroshima. O parque apresenta um memorial em homenagem a Sadako Sasaki, uma menina de 12 anos que morreu por exposição à radiação da bomba atômica.
Sadako virou um símbolo de paz mundial. Na luta para viver, dobrou mais de mil tsurus. O irmão de Sadako doou um dos origamis para a Associação Hibakusha Brasil pela Paz, que o cedeu para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). O tsuru foi emprestado para ser exibido na exposição.
Outra parte significativa da programação é a instalação de Mari Kanegae. A obra tem formato de origami e simula um jardim suspenso de oleandros.
Depois dos devastadores ataques atômicos em Hiroshima, acreditava-se que o solo atingido pela bomba ficaria infértil por muitas décadas. Os oleandros foram as primeiras flores a desabrochar no local. Apesar de terem diversas cores no Japão, na mostra as flores estão todas brancas para reforçar a mensagem de paz.
A exposição também traz a projeção de 94 desenhos de crianças de diversos países sobre o que é paz na perspectiva dos pequenos, a exibição de um poema escrito por uma sobrevivente da bomba, Ayako Morita, e a mostra de fotografias atuais de Hiroshima e Nagasaki.
A Japan House São Paulo está localizada no endereço Avenida Paulista, 52. Aberta de terça a sexta, das 10h às 18h, e sábado e domingo, das 10h às 19h.
*Estagiário sob supervisão de Eduardo Luiz Correia
Matheus Crobelatti * – Estágiário da Agência Brasil