Durante cerca de 15 anos as portas do Parlamento estiveram fechadas para todos. Durante os governos seguintes, em meio a tumultos culturais e religiosos, guerra civil e um período de 15 anos de regime Taleban, elas continuaram fechadas, mas só para as mulheres.

A proposta também pretendia garantir os direitos das mulheres, suprimidos pelo Taleban, muitas vezes privando-as do acesso aos cuidados básicos de saúde e à educação.

Mohammad Ashraf Rasoli, hoje assessor sênior do ministro da Justiça afegão, foi um membro da comissão à época. Ele lembra do acalorado debate em torno desse artigo durante a revisão do texto no Parlamento. “Ele provocou muita polêmica, porque há diferentes interpretações do islã a esse respeito”, disse ele. A discussão durou vários dias. “Finalmente, ficou decidido que os cidadãos do Afeganistão, homens e mulheres, têm direitos e deveres básicos diante da lei. As mulheres deveriam ter os mesmos direitos porque são seres humanos.”

A nova Constituição de 2005 incluiu uma cota de assentos parlamentares destinada a mulheres, tanto na Câmara de Deputados como no Senado. “Houve muita discussão sobre o assunto. Todo mundo achava que, como as mulheres em nossa sociedade sofreram muito, uma certa parcela dos assentos devia ser reservada a elas.”