
Entre códigos, robôs e inteligência artificial, elas seguem resistindo. A Campus Party Brasília, que reuniu milhares de pessoas apaixonadas por tecnologia, também escancarou uma realidade que, infelizmente, ainda persiste: mulheres são minoria em um dos setores que mais cresce no mundo.
Mesmo com muita competência, o que não falta são barreiras. A estudante Luiza Costa, de 24 anos, vive diariamente essa desigualdade. Presente na Campus, ela é uma das poucas mulheres em sua turma de engenharia mecatrônica. “Já pensei em desistir, mas sigo. Porque precisamos ocupar esse espaço que é nosso também”, afirma.
A história de Luiza se conecta à de muitas outras. Como a de Mayara Marques, de 20 anos, palestrante no evento e integrante do projeto Meninas.Comp. Ela sabe bem o peso de trilhar um caminho onde, muitas vezes, falta representatividade, mas sobra talento. “Ter referências faz toda a diferença. A gente entende que é possível”, destaca.
O mercado de tecnologia no Brasil reflete essa exclusão: apenas 0,07% das mulheres brasileiras atuam no setor, segundo dados da Serasa Experian de 2024. E isso não é falta de capacidade. É falta de oportunidade, de incentivo e, principalmente, de espaço.
Mas elas seguem rompendo barreiras. No hackathon promovido durante a Campus Party, o protagonismo foi delas. Yasmin Costa, Sara Tavares e Valéria Gomes criaram o Aurora, um aplicativo pensado para proteger mulheres em situação de violência. O projeto ficou em terceiro lugar e mostrou que, quando se abre espaço, o talento feminino transforma realidades.
Ainda há muito caminho pela frente. Iniciativas como o PyLadies, o Meninas.Comp e a Somos Tech mostram que fortalecer redes de apoio, incentivar, capacitar e dar visibilidade é essencial para mudar esse cenário.
Porque talento, competência e criatividade, elas têm de sobra. O que falta é espaço.