A sociedade foi doutrinada a ver homens de copo na mão enquanto as mulheres ficavam na retaguarda, consumindo menos e em menor grau — no caso, menor grau etílico. Relacionar mulheres ao álcool virou uma espécie de tabu, acompanhado de chavões como “são fracas para beber”, como se não houvesse homenzarrões soltando o verbo e perdendo o rumo de casa depois da terceira dose. Novas pesquisas, no entanto, mostram que o sexo feminino, para o bem e para o mal, derrubou paradigmas sem quebrar a garrafa: as mulheres estão se igualando aos homens no consumo de álcool e, em alguns casos, bebendo até mais.
O mais recente levantamento do IBGE revela que o consumo de álcool no Brasil está cada vez maior: entre 2013 e 2019 (portanto, antes da pandemia), a parcela de pessoas que relataram ingerir bebidas alcoólicas ao menos uma vez por semana cresceu todos os anos, chegando a mais de 26% do total de entrevistados. Em outras palavras, tomando por base a amostra, um em cada quatro brasileiros bebe com frequência. E esse contingente engrossou, sobretudo, com a participação do sexo feminino. No período fechado de sete anos, a quantidade de consumidoras aumentou em 31,8%, contra 2,1% de consumidores.