Entre os dias 29 e 31 de outubro, a Aldeia Central na Terra Indígena Portal do Encantado, em Porto Esperidião (MT), foi palco do 2º Encontro Regional de Mulheres Indígenas Agricultoras. Organizado pela Coordenação Regional de Cuiabá da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o evento reuniu mulheres de 11 etnias — incluindo Bakairi, Paresi, Chiquitano, Bororo e outras — para fortalecer o papel feminino na agricultura familiar e no desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas.
Esse encontro foi uma oportunidade para as agricultoras indígenas compartilharem conhecimentos sobre técnicas agrícolas, artesanato e práticas de extrativismo. A valorização da agricultura tradicional foi tema central, com ênfase na importância da qualificação das mulheres para que elas possam aumentar a produção e expandir o acesso ao mercado, garantindo uma fonte sustentável de renda e promovendo a segurança alimentar de suas comunidades.
O evento teve apoio das Coordenações de Gênero, Assuntos Geracionais e Participação Social, além da Coordenação-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento da Funai e de Coordenações Técnicas Locais (CTLs) de Mato Grosso e Rondônia. Contou também com a presença de representantes de órgãos governamentais e de instituições que apoiam o desenvolvimento rural e agrícola, como a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), que compartilhou técnicas de produção sustentável, como a hidroponia, para incentivar práticas ecológicas.
Além disso, as participantes discutiram a importância de programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), essenciais para a inserção de produtos indígenas no mercado. Representantes da Conab e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) apresentaram esses programas, destacando o potencial para o fortalecimento da economia indígena.
Eliane Xunakalo, presidente da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT), reforçou o valor desse espaço para que as mulheres possam trocar experiências, sementes e mudas, promovendo sua autonomia. “A agricultura tradicional indígena é essencial para a segurança alimentar das aldeias e simboliza nossa luta pela valorização do trabalho e dos saberes indígenas”, afirmou.
O encontro reafirma o compromisso da Funai e das entidades parceiras com o protagonismo das mulheres indígenas agricultoras, incentivando um futuro mais sustentável, com segurança alimentar e fortalecimento da cultura indígena para as próximas gerações.