Em homenagem ao dia do capoeirista, comemorado nacionalmente no dia 3 de agosto, e aos grandes mestres da capoeira, a Câmara Legislativa realizou sessão solene remota, na manhã desta quarta-feira (25). Comandada pelo deputado Reginaldo Sardinha (AVANTE), a cerimônia contou com a participação de mestres da capoeira, representantes de instituições que defendem a expressão cultural afro-brasileira e de órgãos ligados à cultura.
Sardinha parabenizou os mestres presentes pela data comemorativa e explicou como ela foi estabelecida. “A data foi instituída no calendário comemorativo do Distrito Federal pela Lei Nº 2.976/2002 e alterada pela Lei Nº 6.964/2020”, afirmou. O distrital também relatou sua experiência com a arte marcial em forma de dança desde a década de 1980, o que o influenciou a lutar pela causa por meio do seu mandato. Segundo o parlamentar, um de seus sonhos é “transformar a capoeira em esporte, mas isso só é possível com tempo, conhecimento e com a valorização de seus praticantes”, completou.
Após a transmissão de vídeo que conta um pouco da história da capoeira e de seus precursores, o secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa do DF, Bartolomeu Rodrigues, ressaltou a importância cultural e histórica da capoeira para o Brasil. “Eu sempre tive a impressão de que a capoeira é a arte-mãe da cultura brasileira”, reforçou. O secretário garantiu que a pasta se preocupa com os movimentos que, segundo ele, antes não tinha participação do Estado. Assim, Bartolomeu mencionou que a criação do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) é uma dessas ações da Secretaria de “descentralizar” o suporte e garantir o reforço das mais diversas manifestações culturais.
Em relação à homenagem realizada, o representante do Grupo de Capoeira Beribazu, Mestre Abdi Ramos, celebrou a data e declarou que o esporte e símbolo de resistência, uma vez que “ela já foi criminalizada”, disse. Abdi acredita que, apesar das dificuldades enfrentadas atualmente, hoje ela tem sua relevância, pois “está inserida em diversas entidades, públicas ou privadas”, contribuiu.
Para o fundador da Associação Capoeiristas do Rei, Mestre Pedro Telles, a capoeira é “contagiante”, porém, é desvalorizada pela sociedade. “Depois do futebol, a capoeira é o esporte mais praticado do mundo, mas não vista ou reconhecida em algumas cidades”, desabafou. Com essa afirmação, Pedro solicitou ao secretário de cultura dar mais visibilidade ao esporte afro-brasileiro “com trabalhos em centros olímpicos, nas escolas e em outros espaços”, pediu.
O coordenador geral da UCDF, Mestre Foca, ao lado da Mestra Suley, comemorou as ações das entidades de capoeira no Distrito Federal, bem como suas contribuições para a comunidade, como inclusão social, divulgação da Língua Portuguesa, entretenimento, dentre outros. Mas, apesar de sua relevância, segundo o mestre, é necessária a criação de ações do governo em favor do esporte.“Que esses caminhos através das políticas públicas possam fomentar cada vez mais esses projetos, pois muitos deles ficam esquecidos e realmente precisam desse apoio”, afirmou. A Mestra Suely acredita que a principal ação do Estado é o suporte, pois “os projetos já existem, já estão em ação, apenas precisam de fomento”, declarou.
Já o fundador do Centro Cultural Malungos, Mestre Canela, enfatizou a colaboração da capoeira fora da prática esportiva. “Hoje, nós temos dentro da capoeira empreendedores que aquecem o comércio e outras partes da capoeira que não aparecem”, destacou. Canela também relatou as produções em forma de livros que alguns participantes estão fazendo, para ele “são documentos que vão eternizar o esporte”, completou.
Sardinha finalizou a sessão declarando que todos os capoeiristas têm um representante no Poder Legislativo e que seu gabinete estará sempre disponível para futuras ações e contribuições em favor da causa.
Agência CLDF