O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira (27/11) que a megaoperação contra um suposto esquema de sonegação fiscal envolvendo o Grupo Refit representa um marco no enfrentamento aos devedores contumazes do país. A ação, batizada de Operação Poço de Lobato, foi deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) em parceria com a Receita Federal e com as polícias Civil e Militar.
“É mais um passo importante contra aqueles que não cumprem a regra do jogo. A operação nasce do inconformismo com os devedores contumazes aqui em São Paulo”, afirmou o governador durante coletiva no MPSP.
Ao todo, 190 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados ao conglomerado comandado pelo empresário Ricardo Magro, apontado pela Receita Federal como o maior devedor contumaz do Brasil. A dívida total ultrapassa R$ 26 bilhões, sendo R$ 9,6 bilhões apenas em São Paulo — valor que coloca a empresa como a maior devedora de ICMS do estado.
Impacto equivalente a hospitais, escolas e cirurgias
Tarcísio comparou a sonegação atribuída ao grupo ao impacto direto em serviços públicos essenciais. Segundo ele, o montante desviado “equivale a negar atendimento de saúde ao cidadão”.
“Fraudar R$ 350 milhões por mês é o mesmo que retirar do orçamento o suficiente para construir um hospital de médio porte mensalmente”, afirmou. O governador também calculou que os valores poderiam financiar 20 escolas por mês ou dobrar o número de cirurgias eletivas no estado.
Judicialização e disputa por regimes especiais
O chefe do Executivo paulista disse que, diante da dificuldade de receber os tributos, o governo criou regimes especiais para tentar conter as fraudes, obrigando o recolhimento direto na cadeia de combustíveis. Esses mecanismos, porém, passaram a ser alvo de ações judiciais.
No fim de outubro, Tarcísio e a procuradora-geral do Estado, Inês Coimbra, estiveram no Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar uma liminar do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que favorecia o Grupo Refit. Segundo o governador, o presidente do STF, Edson Fachin, cassou a decisão anterior, restabelecendo o regime especial.
“É um jogo de gato e rato alimentado pela sensação de impunidade. Essa turma achava que o dia nunca ia chegar”, declarou.
Mudança de estrutura financeira após operação anterior
O MPSP informou que a Refit alterou completamente sua estrutura financeira depois da Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto de 2025. Segundo o órgão, o grupo passou a usar novos operadores e empresas para movimentar valores muito superiores aos anteriores: de cerca de R$ 500 milhões para mais de R$ 72 bilhões após 2024.
As investigações apontam ainda o uso de “contas-bolsão”, mecanismo que dificulta o rastreamento de recursos. Uma das financeiras ligadas ao grupo possuía 47 contas bancárias em seu nome, todas vinculadas a empresas do conglomerado.
Posicionamento da empresa
O Grupo Refit foi procurado para comentar a operação desta quinta-feira, mas ainda não respondeu. O espaço permanece aberto para manifestação.


