O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (9) que a Corte não se deixará intimidar por declarações ou publicações de governos estrangeiros. A fala ocorreu durante a leitura de seu voto pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus na ação penal da chamada trama golpista.
“Eu me espanto com alguém imaginar que alguém que chega ao Supremo vai se intimidar com tweet. Será que as pessoas acreditam que um tweet de uma autoridade de um governo estrangeiro vai mudar um julgamento no Supremo? Será que alguém imagina que um cartão de crédito ou o Mickey vão mudar um julgamento no Supremo? O Pateta aparece com mais frequência”, declarou Dino.
A manifestação ocorreu após uma postagem da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil direcionada ao relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que já havia votado pela condenação dos acusados.
Dino também rejeitou a interpretação de que o julgamento teria caráter de retaliação contra Bolsonaro e seus aliados.
“Não há razão para acreditar que o Supremo é composto por juízes que querem praticar vingança ou serem ditadores, porque não é a tradição do Supremo”, afirmou.
Julgamento
O julgamento foi suspenso e será retomado nesta quarta-feira (10), a partir das 9h, com os votos dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Até o momento, o placar está em 2 votos a 0 pela condenação, com os votos de Alexandre de Moraes (relator) e Flávio Dino.
Quem são os réus?
- Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
- Alexandre Ramagem – ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier – ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF;
- Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto – ex-ministro e ex-candidato a vice em 2022;
- Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.