Milhares de pessoas ocuparam a Praia de Copacabana neste domingo (21) em um grande ato contra a chamada PEC da Blindagem e contra qualquer possibilidade de anistia a condenados por envolvimento em golpe de Estado, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados.
O protesto, marcado por discursos políticos e apresentações de artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan e Paulinho da Viola, ecoou palavras de ordem como “Sem Anistia” e “Viva a Democracia”. Para além do caráter cultural, o evento trouxe à tona uma preocupação central: a relação cada vez mais desgastada entre a sociedade civil, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
A proposta aprovada na Câmara dos Deputados na última semana impõe que processos criminais contra parlamentares só avancem com autorização das casas legislativas. Na prática, cria um escudo político capaz de dificultar investigações e julgamentos. Para críticos, a medida enfraquece o combate à corrupção, abre brechas para a infiltração do crime organizado na política e mina a credibilidade das instituições.
Entre os presentes, a diversidade de gerações chamou atenção. Aposentados, como Regina de Brito, lembraram os tempos de ditadura e alertaram para os riscos de retrocesso democrático. Jovens estudantes, como Caio dos Santos e Letícia Rocha, destacaram o dever de manter viva a memória histórica para evitar a repetição de erros do passado.
Mais do que um ato isolado, a manifestação em Copacabana simboliza um recado claro: a sociedade brasileira está atenta e não aceita retrocessos. Ao Senado caberá, agora, decidir se a PEC avança ou se será barrada — decisão que poderá marcar os rumos da relação entre Congresso, Judiciário e opinião pública.