Pacheco repete Dino ao comentar possibilidade de ida para o STF: “Não se faz campanha para isso, mas não se nega”

Senador mineiro é um dos cotados para a vaga aberta com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso; Lula deve indicar Jorge Messias

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), comentou nesta quinta-feira (16) os rumores sobre sua possível indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF), repetindo a frase dita por Flávio Dino antes de sua nomeação: “Não se faz campanha para isso, mas também não se nega”.

Pacheco é um dos nomes cogitados para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso, que anunciou aposentadoria. Apesar disso, o advogado-geral da União, Jorge Messias, aparece como o favorito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo aliados, Pacheco se sentiu “usado” após intensas articulações no Congresso em favor de pautas de interesse do governo. Lula teria oferecido apoio a uma eventual candidatura dele ao governo de Minas Gerais em 2026, proposta que o senador rejeitou — seu objetivo era a Corte, não o Executivo estadual.

“Faz um tempo que conversei com o presidente Lula sobre candidaturas em Minas, ele está entusiasmado com isso. Não posso comentar sobre o STF, mas fico honrado com os incentivos que recebo. Essa é uma decisão exclusiva do presidente, que será respeitada”, afirmou Pacheco.

A escolha de Jorge Messias, aliado do PT desde os governos Dilma Rousseff, é vista por parte do meio político como “retribuição partidária”. Durante seus mandatos, Lula já indicou dez ministros ao Supremo e, com Messias, chegará ao 11º.

A prática de nomeações políticas para o STF, embora prevista na Constituição, tem sido alvo de críticas pela proximidade de alguns ministros com o Executivo e pelo ativismo judicial crescente da Corte — que tem interferido em políticas públicas e provocado embates com o Legislativo.

Apoios e bastidores

Na última segunda-feira (13), Pacheco participou de um encontro com os presidentes do STF, Edson Fachin, e do STJ, Herman Benjamin, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet. O evento foi articulado pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), principal aliado de Pacheco e considerado seu “cabo eleitoral” para uma vaga no Supremo.

“Foi um encontro de diálogo aberto e parceria institucional. Fiz questão da presença do presidente Rodrigo Pacheco, autor do projeto do novo Código Civil”, afirmou Alcolumbre nas redes sociais.

Além de Messias e Pacheco, também é cotado para a vaga o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, que mantém boas relações com os três Poderes.

Internamente, o entorno de Lula avalia que Messias leva vantagem pela maior proximidade com o presidente, enquanto Pacheco conta com o apoio de boa parte do Senado e de uma ala do próprio STF.

Com a indicação, Lula reforçará sua influência sobre a Suprema Corte — e reacenderá o debate sobre o equilíbrio entre os Poderes em um momento de tensão institucional no país.

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