Chefe do sistema da ONU no país, Silvia Rucks, se reuniu com novo ministro dos Direitos Humanos após governo declarar emergência de saúde na maior reserva indígena brasileira; 12 agências das Nações Unidas preparam proposta de resposta integrada.
A informação foi dada pelo porta-voz do secretário-geral da ONU, nesta quinta-feira.
Fome e problemas de saúde
Stéphane Dujarric disse que, esta semana a coordenadora residente da ONU no Brasil, Silvia Rucks, se reuniu com o novo ministro dos Direitos Humanos para entender as demandas de apoio do governo brasileiro.
Ele informou que 12 agências da ONU estão preparando uma proposta de respostas integrada, oferecendo apoio imediato para atender as necessidades emergenciais da comunidade, além de iniciativas de desenvolvimento sustentável voltadas para saúde, nutrição e segurança alimentar.
Segundo agências de notícias, 700 membros da comunidade indígena yanomami estão passando fome. Por causa da presença de garimpeiros armados, que teriam afastado profissionais dos postos de saúde, os indígenas ficaram sem qualquer atendimento. Além disso, os garimpeiros também teriam impedido a entrega de remédios e alimentos às aldeias yanomami.
Ameaça ambiental é prioridade
De acordo com o porta-voz do secretário-geral, uma das prioridades é enfrentar as ameaças ambientais, como as altas concentrações de contaminação de mercúrio em vários rios da região.
O mercúrio é altamente tóxico e usado por mineradores ilegais para limpar o ouro de outros sedimentos. A equipe da ONU também ofereceu uma equipe de especialistas internacionais para aumentar o apoio às autoridades nacionais e locais.
Dujarric disse que duas missões já foram feitas à área, para avaliar as necessidades do povo yanomami, em coordenação com parceiros nacionais. E que, desde o início da pandemia de Covid-19, os profissionais da ONU no terreno priorizaram apoiar a proteção e salvamento de povos indígenas na região amazônica, incluindo migrantes de países vizinhos, em coordenação com as autoridades locais.
Desnutrição infantil
Em outubro de 2019, um estudo do Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef, constatou que oito em cada 10 yanomamis sofriam de desnutrição crônica, e as mortes por doenças evitáveis entre crianças menores de cinco anos eram 13 vezes mais que a média nacional.
Agências de notícias também divulgaram que, nos últimos quatro anos, a situação de contaminação e fome levou à morte de cerca de 500 crianças, a maioria abaixo de um ano.
Em 2022, foram confirmados 11.530 casos de malária na região. Dentre os mais afetados estavam pessoas com mais de 50 anos, seguidas pelas faixas de 18 a 49 anos e de 5 a 11 anos.
A Terra Indígena Yanomami é a maior do país, em extensão territorial, e possui uma população de cerca de 30 mil habitantes.
Ela fica localizada na região norte da floresta amazônica, perto da fronteira com a Venezuela.