Brasília — O Ministério da Saúde emitiu um alerta para que estados e municípios reforcem a vigilância e adotem medidas de prevenção diante do aumento de casos de sarampo registrados no país. Até a 38ª Semana Epidemiológica de 2025 — que compreende o período de 29 de setembro a 5 de outubro — foram confirmados 34 casos da doença no Brasil.
A principal preocupação da pasta é evitar a reintrodução do vírus, que chegou a ser considerado eliminado do território nacional em 2016. Segundo o levantamento, nove casos foram importados por pessoas que retornaram do exterior, 22 estão relacionados a contato com infectados vindos de outros países e três apresentaram compatibilidade genética com variantes em circulação fora do Brasil.
Atualmente, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso são os estados classificados como em situação de surto.
Surtos regionais e origem dos casos
No Tocantins, o surto começou em julho, no município de Campos Lindos, após quatro brasileiros voltarem da Bolívia infectados. O baixo índice de vacinação local favoreceu a rápida disseminação do vírus.
O Maranhão confirmou um caso ligado diretamente à comunidade de Campos Lindos: uma mulher de 46 anos, não vacinada, moradora da cidade de Carolina, que faz divisa com o Tocantins.
Em Mato Grosso, o surto teve início em Primavera do Leste e atingiu três pessoas de uma mesma família, também não vacinadas, que haviam retornado da Bolívia.
Queda na cobertura vacinal preocupa especialistas
De acordo com dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), o país apresentou em 2024 uma cobertura vacinal de 95,7% na primeira dose da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e 74,6% na segunda. Em 2025, os números caíram para 91,2% e 74,6%, respectivamente — índices abaixo da meta de 95% preconizada pelo Ministério da Saúde.
A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, explica que a desigualdade regional nas taxas de vacinação aumenta o risco de novos surtos.
“Antes, o vírus entrava no país e encontrava uma população vacinada, o que impedia a propagação. Hoje, ele encontra pessoas suscetíveis”, afirmou.
Ballalai acrescenta que a percepção de baixo risco entre os brasileiros é um dos fatores que dificultam a adesão à vacinação.
“Quando o risco não é visível, as pessoas tendem a relaxar. Foi o que aconteceu antes do surto de febre amarela, quando a procura só aumentou depois da divulgação dos primeiros casos e mortes.”
Situação global
O cenário internacional também preocupa as autoridades sanitárias. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 173 países notificaram casos suspeitos de sarampo neste ano. Até 9 de setembro, foram 164.582 casos confirmados, com maior incidência nas regiões do Mediterrâneo Oriental (34%), África (23%) e Europa (18%).
Nas Américas, já são 11.691 casos e 25 mortes em dez países — com destaque para Canadá (5.006), México (4.703) e Estados Unidos (1.514). Na América do Sul, há surtos ativos na Bolívia, Paraguai, Peru e Argentina.
O Ministério da Saúde reforça que o aumento da cobertura vacinal e a rápida identificação de casos suspeitos são as medidas mais eficazes para conter a disseminação do sarampo e evitar que o país volte a enfrentar epidemias da doença.


