Lula reage a tarifa dos EUA e defende soberania nacional em pronunciamento

Em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil responderá com diplomacia e multilateralismo à proposta do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, segundo Lula, representa uma “chantagem inaceitável” e foi justificada por Washington com base em alegações que envolvem o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e ações regulatórias no ambiente digital brasileiro.

Sem citar nomes diretamente, Lula ressaltou a importância da separação entre os Poderes, a autonomia do Judiciário e o respeito à legislação nacional. “No Brasil, ninguém está acima da lei”, afirmou. O presidente também destacou que medidas como a fiscalização de redes sociais têm como foco a proteção da população contra crimes como racismo, ataques à democracia e desinformação sobre vacinas.

O discurso ocorre após o governo brasileiro ser surpreendido por uma nova rodada de sanções comerciais, mesmo após tentativas de negociação com autoridades norte-americanas desde maio. Lula informou que o governo já realizou mais de 10 reuniões diplomáticas sobre o tema e, diante da falta de acordo, pretende recorrer a organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Entre os pontos que geraram atrito está o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, o Pix. Lula afirmou que se trata de um “patrimônio do povo brasileiro” e reforçou que não aceitará ataques ao modelo, considerado um dos mais modernos do mundo.

Durante o pronunciamento, o presidente apresentou dados para contestar as alegações norte-americanas de práticas comerciais desleais por parte do Brasil. De acordo com ele, os Estados Unidos acumulam superávit de mais de US$ 400 bilhões no comércio bilateral ao longo dos últimos 15 anos.

Outro ponto abordado foi a política ambiental brasileira, usada por Trump como argumento adicional para o aumento tarifário. Lula citou a redução de 50% do desmatamento na Amazônia em dois anos e reiterou o compromisso do país em zerar o desmatamento até 2030.

O presidente também criticou o apoio de políticos brasileiros às sanções, classificando a postura como “colaboração com ataques externos”, e reforçou que qualquer empresa estrangeira que atue no país deve seguir a legislação nacional.

Encerrando o discurso, Lula defendeu o fortalecimento das relações diplomáticas com todos os países, mas fez um apelo à unidade nacional: “O Brasil tem um único dono: o povo brasileiro.”

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