Impasse de vistos preocupa delegação brasileira a uma semana da Assembleia da ONU

A apenas uma semana do início da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, parte da delegação brasileira ainda não recebeu a liberação de vistos de entrada nos Estados Unidos. O encontro, marcado entre os dias 22 e 26 de setembro, terá a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já confirmado para abrir a rodada de discursos no dia 23 — tradição histórica reservada ao Brasil desde 1947.

De acordo com o Itamaraty, os vistos do presidente e de integrantes veteranos em missões nos EUA já foram emitidos. No entanto, membros da comitiva que viajarão pela primeira vez ao país seguem aguardando a autorização. O diretor do Departamento de Organismos Internacionais, ministro Marcelo Marotta Viegas, afirmou que há expectativa de que os processos sejam concluídos, mas destacou que não há garantias sobre o prazo.

“Qualquer medida que não se conforme com o que está estabelecido no acordo [entre ONU e EUA] é uma violação legal, o que não quer dizer que ela não ocorra. De qualquer forma, não temos por que achar que os EUA não observarão suas obrigações legais com relação à concessão de vistos”, declarou Viegas.

A questão ganhou maior repercussão após a agência Associated Press (AP) revelar um memorando do Departamento de Estado norte-americano, com suposta orientação do governo Donald Trump para restringir vistos de delegações do Brasil, Irã, Sudão e Zimbábue. Segundo a publicação, a medida estaria ligada a uma retaliação contra o Supremo Tribunal Federal (STF), que recentemente condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Nos bastidores diplomáticos, a expectativa é de que os vistos sejam liberados a tempo, evitando um impasse internacional entre Brasil e Estados Unidos às vésperas de um dos eventos mais relevantes do calendário global.

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