O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (22), em evento do PT em Brasília, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é temporário, e que o Brasil não pode ser tratado como “quintal de ninguém”, ao comentar a recente hostilidade americana com o país. Segundo Haddad, a postura dos EUA teria como objetivo “livrar a cara dos golpistas” e não reflete os interesses históricos entre os dois países.
Durante o evento, o ministro destacou que o Brasil mantém uma tradição de relações sólidas com governos norte-americanos, independentemente de serem democratas ou republicanos. “Sempre mantivemos uma postura altiva, séria e soberana, no trato de assuntos comuns aos dois povos, que têm uma relação histórica de 200 anos”, afirmou Haddad.
O ministro também comentou sobre uma reunião que realizou na Califórnia com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Besson, e afirmou que as negociações estavam avançando até a recente ação hostil surpreender o governo brasileiro. Ele criticou grupos de extrema-direita no Brasil, classificando-os como oportunistas e afirmando que buscam apenas reabilitar politicamente setores derrotados.
Além das questões diplomáticas, Haddad enfatizou a importância da soberania tecnológica e da inteligência artificial. Segundo ele, cerca de 60% dos dados dos brasileiros são processados fora do país, e o governo pretende incentivar que empresas nacionais e capital estatal assumam o processamento desses dados. “Precisamos ter capacidade de desenvolver inteligência artificial no Brasil e processar dados aqui. São atividades diferentes, mas ambas exigem cautela e atenção do Estado brasileiro”, disse.
Haddad ressaltou ainda o desafio geopolítico do país e afirmou que o Brasil não pode se submeter a pressões externas, devendo manter independência na escolha de parceiros comerciais e estratégicos. “O Brasil tem tamanho, densidade e importância suficientes para garantir sua soberania. Temos que ser parceiros de todos, mas nunca quintal de ninguém”, concluiu.